Maurino Delgado
Porque temos uma comunicação social do Estado domesticada e a privada sem recursos financeiros para funcionar. Muito pouco incomodam o poder.
No passado dia 10 do mês de março de 2025, o Grupo de Apoio ao Deputado Amadeu Oliveira dirigiu um convite aos Órgãos de Comunicação Social do Estado e aos privados para participarem numa conferência de imprensa sobre declarações proferidas por S. Ex cia Senhor Presidente da República a respeito do estado de saúde do Deputado Amadeu Oliveira, nos seguintes termos:
“Independentemente da pessoa em si, dos seus méritos e desméritos, abraçamos essa causa em defesa do Estado de Direito Democrático violentado nos seus princípios constitucionais para condenar o Deputado Amadeu Oliveira a sete anos de prisão. Porém, neste momento, o objetivo da conferência é apenas esclarecer à opinião pública face as declarações proferidas pelo Presidente da República sobre o estado de saúde do Deputado Amadeu Oliveira. Um esclarecimento que se impõe pela verdade dos fatos e pelas implicações negativas que tais declarações provocam no estado de saúde psicológico, emocional e afetivo do doente, sem falar das repercussões sociais e políticas.
O Senhor Presidente da República, pelas altas funções e responsabilidades que acarreta sobre os seus ombros, devia ter sido mais comedido e prudente nas suas declarações pelo que se impõe esse esclarecimento público.”
Os órgãos do Estado não compareceram, nem a radio, nem a Televisão e nada disseram da sua disponibilidade. A Inforpress compareceu mas, na sua página não veio nenhuma referência à conferência. Apenas o Mindelinsite compareceu e noticiou. Parece-nos que laboramos num clima de censura e auto- censura. Fica a interrogação se, de facto, existe a liberdade de imprensa de que se fala. E os processos judiciais contra o Jornal Santiagomagazine e as queixas sem quaisquer fundamentos do Partido no Poder (MPD) à entidade reguladora da Comunicação Social contra o jornalista Carlos Santos?
São sinais intimidatórios que não nos deixam tranquilos e que devem pôr-nos de alerta perante aqueles que se sentem donos do poder e ao mínimo toque disparam contra a liberdade de imprensa.