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Jovens desacreditados da politica

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Já se suspeitava, mas os factos confirmaram-no: os jovens de hoje não se interessam pela política nem pelos partidos, não se revêem na atividade política tal como ela é praticada e sentem-se pouco ou nada satisfeitos com a maneira como funciona a democracia em Cabo Verde. O lado bom é que à medida que a idade avança começam a interessar-se pelas notícias políticas e participam em associações e até em partidos e sindicatos, ou seja, “exercem cidadania”.

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O Presidente da República, José Maria das Neves, tem, ao longo do seu mandato alertado,
para a necessidade de politicas assertivas e transparentes para facilitar o enquadramento
politico e social dos jovens quadros.

Apesar do chefe de estado cabo-verdiano acreditar que a emigração de jovens qualificados pode ser, a curto prazo, um ativo para o desenvolvimento do arquipélago, José Maria Neves chama atenção para os impactos que o fenómeno poderá vir a ter na produtividade, na competitividade da economia e na politica cabo-verdiana.

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Independentemente dos apelos dos dirigentes políticos cabo-verdianos, um facto é que os
jovens estão é a afastar-se dos partidos políticos, porque os próprios não se conseguem
reformar para serem mais atrativos.

Não obstante os condicionalismos políticos, impostos pelos partidos políticos, os jovens cabo-verdianos são politicamente muito ativos. Aliás, basta “passear” pelas redes sociais para ver a quantidade de opiniões que os jovens têm diariamente sobre a política, se calhar dão mais opiniões num dia do que a geração anterior dava num mês.

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Por isso, a grande questão que se coloca é: “quem é responsável pelo desinteresse pela
politica dos jovens cabo-verdianos?”. Na minha opinião, a resposta é clara: os partidos que
devem dar espaço aos jovens.

Mais do que um afastamento da política, acho que há uma descrença nos políticos. Os “vários
casos e casinhos” da politica cabo-verdiana (utilizando uma expressão muito em voga em
Portugal) tem contribuído para esse afastamento/emigração que se materializa na procura de
melhores condições socioeconómicas e culturais dos nossos jovens quadros no estrangeiro.

Se olharmos para a média de idades da nossa classe politica, nomeadamente no Governo, no
Parlamento e em câmaras municipais não temos quase dos jovens com menos de 40 anos, no
fundo a maior franja da nossa sociedade. Ou seja, os jovens não estão a sentir-se
representados pelos políticos que temos.

É preciso ter coragem e trazer caras novas para a política. Temos uma geração altamente
qualificada, com convicções, que quer dar o seu contributo, mas é preciso que tenham espaço.
Não podemos esquecer também que muitas vezes quando um jovem aparece na política é
apelidado de chico-esperto, ou de outros nomes, que é uma forma de amedrontar os jovens e
deixar a política para os que se julgam donos da política.

Os partidos políticos cabo-verdianos têm apostar na credibilidade dos políticos, se houver
casos suspeitos, a justiça deve agir, com celeridade, punindo os infratores, tudo isso contribui
para a moralização da política. Depois, tem de haver renovação. Os jovens não podem ser
vistos como mão-de-obra barata para as campanhas eleitorais.

As juventudes dos dois principais partidos cabo-verdianos tem posturas diferentes sobre este
tema. Enquanto a juventude do PAICV, na oposição, pede politicas transparentes e assertivas
para facilitar o enquadramento dos jovens quadros no mercado nacional de trabalho, a fim de
evitar a saída massiva de jovens, acusando o Governo de não ter uma política clara para a
Juventude e de compadrio na seleção de quadros para a Administração Pública. A Juventude do MpD (JPD), do partido no poder, MpD, desdramatiza esse posicionamento, lembrando que estamos num mundo aberto e os jovens estão à procura dos melhores empregos e salários.

Para o jornalista José Vicente Lopes, analista politico e escritor, o Governo deve melhorar o
quadro de empregabilidade e retenção de quadros e afirma que neste momento o arquipélago
já começa a ter falta de gente formada em determinadas áreas, nomeadamente “engenheiros
agrónomos, médicos e outros técnicos qualificados” e também na politica.

A despeito da maioria dos jovens estarem desacreditado dos políticos e das politicas
desenvolvidas pelos partidos da “esfera do poder”. Há sempre aqueles que querem estar na
política, mas, por mais ideias brilhantes que tenham, são “afastados” pelos dinossauros
políticos que não lhes dão um palco para apresentarem as sua ideias e, dessa forma,
influenciarem a opinião pública cabo-verdiana.


António Santos 30.01.2024

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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