Por: Américo Medina
Por muita que possa doer aos “Cristãos-Novos”, aos ideólogos históricos, aos revisionistas negacionistas e revisionistas distorcidos…, vamos hoje Honrar os Heróis, Defender a Memória, Preservar a História!
A história da nossa jovem nação foi escrita com o sangue, o sacrifício e a coragem dos seus filhos mais nobres, por mais que isso pese e custe aceitar, my Dear “Napoleão de Bolso”, Napoléon d’un demi-pouce (½″)!
A nossa República não nasceu do acaso, de geração espontânea, nem o seu futuro será construído sobre o esquecimento ou ocultação histórica! Foi forjada na resistência e luta contra o cativeiro e a servidão aos morgados, nas “fazendas”, “assomadas”, “cutelos”, ribeiras e funcos desta terra; no ardor da resistência clandestina em várias cidades africanas, europeias e americanas; nas detonações dos obuses, minas e balas reais das AK-47 nas frentes e trincheiras da luta armada na Guiné-Bissau; na firmeza dos que ousaram enfrentar olhos nos olhos um inimigo poderoso e implacável, sem garantias de regresso nem seguro de vida, mas com a certeza inabalável de que a liberdade valia qualquer preço, onde não estava excluído o derrame do próprio sangue!
Isso mesmo, mon ami Napoléon d’un demi-pouce (½″): por “Champ’s” autênticos e pátrios! Não os “Neo-Champ’s”, forjados por distorções e reinterpretações da história, impulsionados por ilustres republicanos, em comoventes e vibrantes passos doble & salsa crioula de ceroula, verdadeiras acrobacias de bastidores, capazes de desnortear até mesmo George Orwell!
É que houve indiscutivelmente os que não titubearam, os heróicos e assim se fez a diferença! Muito jovens, mas com a alma gigante, ergueram-se contra o fascismo, a injustiça e o jugo colonial, sem qualquer garantia de êxito e de sobrevivência, sabendo que desafiavam um sistema feroz, armado até aos dentes, determinado a perpetuar a opressão; sabiam que enfrentavam uma guerra desigual, que muitos provavelmente não voltariam a ver uma alvorada nas suas respectivas ilhas, aldeias ou ribeiras e que, provavelmente, as suas mães chorariam corpos que não seriam elas a sepultar ou talvez nunca encontrados.
Mas nem o espectro da morte os demoveu, pois na sua bravura havia algo maior do que a própria vida: havia o sonho de uma pátria livre, a esperança de um amanhã sem grilhões, o amor por um povo que merecia escrever o seu próprio destino, como enfatizava Amílcar Cabral!
Hoje, há nomes que ressoam na nossa história como testemunhos vivos de dignidade e resistência, são o alicerce sobre o qual erguemos o nosso presente. Mas este alicerce exige respeito, memória e reconhecimento, tanto mais que a história das nações está aí para nos provar que não há futuro sólido sem raízes profundas, não há nação forte sem a honra de recordar quem a libertou, lá onde houve luta e derrame de sangue generoso para esse efeito!
A juventude de hoje, as gerações vindouras, herdeiras desse legado glorioso, têm o dever de nunca deixar que a poeira do tempo ou a manipulação de narrativas anacrónicas de uns, ofusquem o brilho dos nossos libertadores pois que a história não se reescreve ao sabor dos interesses do momento, como pretendem fazer hoje, alguns saudosistas do passado travestidos de cristãos-novos!
Nenhuma tentativa de revisionismo histórico distorcido, este caricato revisionismo negacionista emergente entre nós que tenta manipular a história para fins políticos, podem apagar o sangue derramado, a dor suportada, o heroísmo demonstrado.
Cabe-nos a todos , cidadãos desta terra conquistada com sangue, suor e sacrifício, erguer sempre alto a memória dos nossos heróis. Cabe-nos ensiná-los às gerações que vêm, para que jamais se esqueçam. Cabe-nos homenageá-los não só com palavras, mas com ações que dignifiquem a pátria cuja fundação eles conduziram uns e regaram outros, com o seu generoso sangue!
Porque, no final do dia, quem oculta a sua história, quem nega o seu passado e esquece os seus heróis, condena-se à servidão, as simple as that!
O 20 de Janeiro, Dia dos Heróis Nacionais, não é apenas uma data histórica, mas uma jornada de homenagem e gratidão àqueles que abraçaram a causa da independência, um compromisso renovado com os ideais que defenderam, lembrando-nos que a justiça, a igualdade e o progresso são conquistas diárias… É que afinal nada é irreversível, como tendências emergentes atestam a nível local, regional e global!