Por: António Santos
As câmaras municipais têm por obrigação promover, em parceria com entidades públicas e privadas, a empregabilidade dos mais jovens, acompanhando as comunidades na identificação da resposta qualificativa mais adequada, na integração no mercado de trabalho e no apoio à criação de emprego e autoemprego. No entanto, isso não sucede na maioria dos municípios cabo-verdianos. É o caso da Câmara de S. Vicente, que não faz nada para auxiliar os mais jovens na procura de emprego.
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Em vez de oferecer eventos e festivais com muita droga e álcool, a autarquia pode reforçar as políticas ativas de emprego, como o apoio à criação de emprego e à transição dos jovens para o mercado de trabalho, assim como a implementação de políticas de formação, qualificação e emprego, para continuar a trajetória que aproxime Cabo Verde dos países desenvolvidos.
A cidade do Mindelo não oferece nenhuma oportunidade aos jovens para construírem um futuro mais risonho e baixar a taxa desemprego em São Vicente. Um facto é que a economia da ilha de S. Vicente está estagnada, mas isso não serve de desculpa. As autoridades competentes, designadamente a câmara, têm a obrigação de criar soluções inovadoras e de elevado impacto social assentes no desenvolvimento de uma Economia Social e Solidária, centrando a sua ação nas áreas do Empreendedorismo, Emprego, Formação, Animação Territorial, Consultoria e Investigação.
O impacto socioeconómico que estamos a assistir no Mindelo em determinados grupos tem agravado a desigualdade, em especial nos trabalhos menos protegidos e remunerados, assim como junto dos jovens, dos trabalhadores mais velhos e das mulheres, pelo que é necessária uma intervenção especializada, que pode e deve ser feita pelas autarquias junto das comunidades mais fragilizadas.
Existe no Mindelo uma necessidade urgente de fomentar a autonomia jovem – traduzida em emprego e habitação – para a realização de uma sociedade mais desenvolvida e competitiva. Mas, pelos vistos, isso não interessa ao executivo da autarquia, que deveria desenvolver uma estratégia, em estreita colaboração com entidades públicas e privadas, de combate ao desemprego jovem.
Essa estratégia poderia deixar os jovens mais preparados e com mais capacidade de resposta para enfrentar esta crise económica e social que estamos a viver, mas falta vontade politica para o fazer.
A CMSV, em cooperação com as empresas, poderia implementar um programa que permitisse a realização de estágios profissionais remunerados em entidades privadas, oferecendo comparticipação de custos às entidades empregadoras e formação e consultoria aos estagiários.
Sei que o presidente da Câmara Municipal de São Vicente, Augusto Neves, do MpD, que considera existir “perseguição” por parte da UCID e do PAICV para impedir o normal funcionamento da autarquia, se vai desculpar com a não aprovação do Orçamento Municipal para não desenvolver ações que contribuam para fomentar o emprego jovem.
A velha desculpa de que não há dinheiro não serve. Existem muitos programas que se podem desenvolver e que não custam muito dinheiro, designadamente disponibilizando, por exemplo, Consultoria de Percurso Profissional e Consultoria de CV, que são respostas individuais e à medida das necessidades de cada jovem munícipe no que concerne orientação de carreira, balanço de competências e metodologia de procura de emprego.
A autarquia, em vez de gastar milhares de escudos na organização de eventos musicais, poderia organizar workshops variados, dinamizados por parceiros, e oficinas formativas certificadas que melhoram o conhecimento do mercado de trabalho e promovem o desenvolvimento de competências.
Apelamos ao senhor presidente da Câmara do Mindelo que dê mais voz aos jovens, comprometendo-se em promover trabalho digno para jovens através de iniciativas como o desenvolvimento e divulgação de conhecimento, aconselhamento técnico, consciencialização política e serviços de capacitação.