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Dirigentes desconhecem a história das Forças Armadas

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António Santos

“Continuo sem perceber as razões que levaram o Senhor Presidente da República a não falar do primeiro comandante geral das nossas forças armadas, o 1° comandante Agnelo Dantas, e dos seus colaboradores que tiveram por tarefa criar e desenvolver as Forças Armadas após a Independência Nacional. Acho que os atuais dirigentes cabo-verdianos, incluindo o senhor Presidente da República, não conhecem a história das Forças Armadas.”

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O Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, José Maria Pereira Neves, condecorou um grupo de militares, em reconhecimento do seu contributo essencial para a construção do Estado e o desenvolvimento nacional. A cerimónia, realizada por ocasião do Dia das Forças Armadas, celebrado a 15 de janeiro, integrou-se nas comemorações do 50.º Aniversário da Independência Nacional, sublinhando o papel histórico e contínuo das Forças Armadas na consolidação da soberania e no progresso de Cabo Verde.

Até aqui, tudo bem: o Chefe de Estado expressou o seu reconhecimento pelo sacrifício e determinação, com que os militares honram o juramento de servir à Pátria. Mas é lamentável que o Senhor Presidente da República não se tenha lembrado dos fundadores do exército cabo-verdiano, em 1975, que trabalharam em situações incríveis.

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Continuo sem perceber as razões que levaram o Senhor Presidente da República a não falar do primeiro comandante geral das nossas forças armadas, o 1° comandante Agnelo Dantas, e dos seus colaboradores que tiveram por tarefa criar e desenvolver as Forças Armadas após a Independência Nacional. Acho que os atuais dirigentes cabo-verdianos, incluindo o senhor Presidente da República, não conhecem a história das Forças Armadas. Não consigo entender, onde foram buscar este grupo de militares para homenagearem o contributo decisivo dos militares para a construção do Estado e o desenvolvimento do país.

É de enaltecer a boa fé do PR, mas é de criticar a insensibilidade e falta de sentido de justiça não terem homenageado os pioneiros do nosso exército. Nem que fosse apenas um… Eles mereciam ter sido contemplados! 

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Bem esteve o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMFA), Contra-Almirante António Duarte Monteiro, ao relembrar o legado dos pioneiros das Forças Armadas, destacando a coragem e o patriotismo que moldaram a instituição, e reconheceu a contribuição dos militares em diversas missões, como respostas a emergências e apoio às comunidades. No entanto, apesar de louvar esta atitude do CEMFA, não posso deixar de lamentar que Duarte Monteiro não tenha alertado o Senhor P.R. para a necessidade de homenagear os chamados pioneiros. Pois, eles foram peças fundamentais na criação das Forças Armadas cabo-verdianas. Não quero acreditar que a “omissão” na informação enviada a José Maria das Neves estivesse “envenenada” a partir da entidade das FA que a emitiu…

Apesar destas minhas dúvidas, sobre a isenção da informação fornecidas pelo Contra-almirante António Duarte Monteiro ao Presidente da República não posso deixar passar em branco o elogio do CEMFA as Forças Armadas, que permanecem como um pilar de confiança para os cabo-verdianos, consolidando-se como uma instituição resiliente e comprometida com a modernização e os mais elevados padrões de profissionalismo e respeito pelos direitos humanos.

António Duarte Monteiro deixou ainda uma mensagem à juventude militar, símbolo do futuro das Forças Armadas, destacando que são eles a nova geração de militares que continuarão o legado dos pioneiros e contribuirão para o desenvolvimento sustentável de Cabo Verde.

Para a nova geração sentir tudo isso é necessário reconhecer o legado dos pioneiros.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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