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David Nascimento – O treinador que nunca recebe uma verdadeira oportunidade

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Adilson dos Santos da Cruz*

No mundo do futebol há nomes que se ouvem alto — e depois há David Nascimento. Um treinador com conhecimento, experiência, integridade — mas sem o reconhecimento e apoio que realmente merece. Mesmo entregando resultados, o reconhecimento não aparece.

No FC Den Bosch, Nascimento iniciou a temporada com uma série incrível. Após quase uma década, levou o clube à primeira posição da liga. Os primeiros dez, onze jogos foram históricos — algo que não acontecia desde 2018. Foi eleito melhor treinador do primeiro período na Holanda. A sua equipa? Equipa do Período. Finalmente uma oportunidade real? Não. Mais uma vez, egos e jogos internos destruíram tudo. Apesar dos resultados desportivos, foi prejudicado. Não foi a primeira vez.

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Depois, a Jordânia. Uma missão nova, a partir do zero. Meses depois, Nascimento é nomeado selecionador nacional da equipa feminina da Jordânia. Uma equipa que nos últimos dois anos não teve qualquer sucesso. Assumiu o cargo numa fase crítica. Quatro jogos decisivos num único mês — uma missão quase impossível. E, mais uma vez, entregou: venceu três dos quatro jogos. Agora falta apenas uma vitória para garantir a qualificação para a Taça Asiática. De um cenário sem esperança para uma nova esperança — típico de David Nascimento. Porque é que um treinador como David Nascimento nunca recebe a oportunidade que merece?

David Nascimento

Tem uma carreira impressionante. Possui excelentes qualificações. Conhecimentos profundos. Fala várias línguas, entende diferentes culturas, trabalhou na Europa, em África e no Médio Oriente. Foi assistente de Louis van Gaal e trabalhou diretamente com Johan Cruyff, chegando a representar a sua filosofia no estrangeiro. E, mesmo assim, continua a ser “o homem na sombra”, muitas vezes visto apenas como o braço direito de Jean-Claude — uma figura com muito peso no mundo do futebol. David é sempre leal, sempre profissional. Mas raramente tem a chance de liderar verdadeiramente.

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O que está errado no futebol?

Porque é que treinadores como David Nascimento — que trabalham, entregam resultados e inspiram — não recebem uma oportunidade justa para mostrar o seu valor a longo prazo? Porque é que os egos são mais importantes que os resultados? Porque é que alguém com este currículo continua a ser ignorado?

David Nascimento é um treinador que, num mundo de futebol mais justo e transparente, já estaria firmemente estabelecido há muito tempo. Um mundo onde o que conta é o mérito, e não os nomes ou os contactos. Talvez seja tempo de começarmos a fazer as perguntas certas.

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Adilson dos Santos da Cruz é agente FIFA, empresário e analista social. Natural de São Vicente, acompanha de perto os fenómenos do futebol, mobilidade, justiça e reconhecimento na diáspora cabo-verdiana.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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