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Carnaval de São Vicente – Celebração da Cultura e reflexão sobre a ordem pública

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Nelson Faria

É impossível não reconhecer e exaltar o valor imensurável do Carnaval para a nossa ilha. Esta manifestação cultural, que transcende gerações, é um símbolo da criatividade, da identidade são-vicentina e da capacidade de unir pessoas em torno da alegria, da cultura e da tradição, com elevado valor económico. Deve-se parabenizar calorosamente os fazedores de carnaval e pessoas envolvidas na organização, os grupos carnavalescos, os artistas, todos os envolvidos pelo empenho em manter viva esta celebração única, que fortalece não apenas a nossa cultura, mas também a economia local.

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É compreensível que todos têm direito de assistir e aproveitar o Carnaval. Isto é inquestionável. Todavia, esse direito não deve sobrepor-se ao bem-estar coletivo e ao respeito pelo espaço público. Esta situação transforma uma celebração de orgulho numa fonte de conflito e incómodo, o que desvaloriza o próprio evento que tanto amamos.

Por isso, não pode ser ignorada a desordem pública gerada pela ocupação desorganizada de espaços urbanos, com a colocação antecipada de cadeiras e objetos em vias públicas até uma semana antes do evento. Tal prática compromete a mobilidade, a segurança e a qualidade de vida dos cidadãos, além de descaracterizar o ambiente harmonioso que São Vicente merece estar neste momento de celebração.

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Já era tempo de um diálogo consequente entre organizadores, autoridades envolvidas, entidades de segurança e a sociedade civil para:

• Reforçar a organização a curto prazo com estabelecimento de regras claras para a ocupação de espaços, com fiscalização imediata e respeito aos prazos de montagem das estruturas.

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• Planear a médio prazo, pois, apenas pequenos incrementos anual ou a manutenção do modus operandi da organização não elevam o evento para o patamar que pode ir. Por isso, pode ser ponderado a criação de um plano estratégico que inclua zonas delimitadas, sistema de reservas e acesso a bilhetes de forma equitativa, com campanhas de consciencialização cívica na ocupação dos espaços, e melhor uso dos meios de fiscalização, se necessário.

• Inovar a longo prazo pela via de investimento em infraestruturas fixas ou temporárias que sirvam ao Carnaval e a outros eventos, garantindo sustentabilidade e ordem urbana.

O Carnaval é património nosso. Cuidar dele é dever de todos. Esta é nossa oportunidade de mostrar ao mundo que sabemos celebrar com alegria, mas também com responsabilidade, civismo e respeito pelo próximo.

Viva o Carnaval de São Vicente!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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