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As “boas novas” do então PM-de-Jure, hoje PR-de-Facto… Estávamos em 2017!

“... doravante a bruma-seca não impedirá voos para a Ilha...”, e “... não será por razões de bruma-seca que deixará de haver voos para São Vicente, Boa Vista e Maio...” Palavras proferidas em 2017. Tretas!!

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Ouvimos bem (?):

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  1. O Sr. PR-de-Facto & PM-de Jure, mais a delegação que viajavam para São Vicente cancelaram a agenda por causa da bruma seca;
  • Voos domésticos da TICV-BF cancelados e voo internacional da TACV Lisboa/SV é desviado para a Praia por causa da bruma seca;

Em 2016, muitas vozes do discernimento e da sensatez alertavam os diversos políticos e líderes da nova maioria saída das legislativas que o sector dos transportes aéreos era muito sensível, que tínhamos muitos desafios à nossa frente a nível das infraestruturas, modelo regulatório, conectividade, mobilidade, eficiência etc…, pelo que determinadas narrativas eleitoralistas acerca dos transportes aéreos que deram votos deviam dar lugar à continuidade e boa gestão de alguns processos, uma  agenda do aeronegócio alinhada com as nossas ambições e necessidades; que os nossos problemas e debates sobre o sector não se deviam esgotar nos debates sobre a gestão da TACV e no seu Business Model, no spin-off corporativo desta ou aquela atividade, desta ou daquela empresa pública, ou mudança nas diversas categorias dos órgãos sociais das empresas, apenas … – Queríamos falar e chamar a atenção para e fazer o Big Picture de um Sistema de Transportes Aéreos, de políticas, modelos e visão de futuro…!  Inutilmente, foi tudo em vão!

O populismo, a demagogia e a falta de rigor falaram mais alto e, subitamente, junho de 2017, fomos varados por uma cobertura televisiva, em que o então PM-de-Jure, hoje PR-de-Facto, numa cerimónia em São Vicente, ladeado pelo PCMS e, pelo Super MITCT – o celebérrimo e incomum Ti Goy Gonçalves (saudades eternas) e, pela boca deste, anunciavam a “boa nova” aos mindelenses, a população em geral que os cancelamentos de voos com direção ao Aeroporto Internacional “Cesária Évora” passaram à história; que, “… doravante a bruma-seca não impedirá voos para a Ilha…”, e que  “… não será por razões de bruma-seca que deixará de haver voos para São Vicente, Boa Vista e Maio…” Palavras proferidas pelos dois governantes ! Um embuste total, tretas!!

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Quando chega a bruma-seca, o Monte Cara dilui-se na atmosfera

Este lance triste e inominável pelo que encerra, em termos de falta de respeito para com as expectativas dos cidadãos, empresários, operadores económicos e manipulação política, foi uma prenunciação de tudo o que vinha a seguir e que acabou por transformar o sector nesse atoladouro que nós nos encontramos hoje, onde tudo é feito na base da demagogia, falta de rigor, eleitoralismo raso, num sector complexo e sensível.

O episódio de hoje que levou ao cancelamento da agenda do PM-de-Jure & PR-de-Facto em SV, devido a bruma-seca, faz-me lembrar da sapiência dos monges tibetanos que falam da “Lei do Retorno”, ou sábias palavras dos religiosos ocidentais que dizem: “… deixá-los, Deus tem um plano, ele sabe o que faz …” – é que foi logo com ele, o profeta de 2017, azar à mais!

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Resultado de toda essa retórica eleitoralista e demagógica para além dos já pontados anteriormente, sublinhamos:

O foco em soluções de “barracão” na TACV, transformando-a num fetiche e no centro de todo o sistema, que leva o Estado a apostar num bailout de altíssimo risco, injetando 3 mil milhões de escudos, 30 milhões de Euros (mil milhões de escudos por ano), de 2021 a 2024, na operadora, visando a sua privatização em 2024, que é o ano que nos garantiram a companhia estará estável e apetecível. A dinâmica não esta apontando nessa direção, note-se (!)… e, os interesses e a “qualidade” desses 10% de acionistas nacionais da TACV ( o Estado tem 90%) que representam uns 0,002% da nossa Nação, não podem prevalecer sobre tudo e todos.

Governamentalização da Regulação e deriva na mesma, conduzindo aos níveis de serviço, ineficiências, riscos que emanam de uma aliança com uma empresa onde a reputação, as boas práticas e os investimentos são condizentes com o perfil de muitos dos “errantes” aeronáuticos, “nómadas” ou ladinos da indústria que abundam em latitudes abaixo da linha do equador. É que tudo interessa às autoridades menos o interesse dos cabo-verdianos. Senão vejamos mais uma situação caricata, que partilho com os contribuintes não-aeronáuticos :

Como aceitarmos um leasing para substituir uma aeronave quando a aeronave substituta não satisfaz as necessidades apontadas? Trazemos um Embraer-145 (jet) para substituir um ATR72 (turboprop), aeronave essa que não opera em São Nicolau, não opera no Fogo, não opera em São Vicente à noite (por ser Jet), opera com limitações várias em termos de capacidade! Onde estiveram os que devem garantir a montante que essa substituição, esse leasing não deveria ser à custa da capacidade, da frequência e da eficiência?!

Não me passa pela cabeça que o “Tarzan” e a “Jane” não sabiam disso! Se são bons e conhecedores do sector, como se diz, porque essa opção, no mínimo, esdrúxula? Ou estarão interesses não confessados por detrás? Que lance foi este? Ou estaremos perante um leasing fantasma (muito utilizado nalgumas paragens) para escondermos e cobrirmos operações financeiras outras? Por onde anda a AAC nesse about?

Esee país, de facto, já não é para velhos!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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