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Afinal, de que cobra é essa banha? A Swissair vítima da Covid-19?

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Por: Américo Medina

Com o pudor perdido, na falta de melhores argumentos até a Swissair, falida no início dos anos 2000, é-nos apresentada pelos ilustres parlamentares como uma vitima da Covid-19…, batemos no fundo, de facto!!!

Caros senhores Deputados do MpD e contribuintes não-aeronáuticos,

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Na sequência da visita publicitada na TCV que os Ilustres Deputados do MpD fizeram ao novel CA da TACV e, após ouvir uma vez mais, essa reprodução da falácia de que o pantanal em que nós nos encontramos no sector dos transportes aéreos, é consequência direta da Pandemia da Covid, tendo os Deputados apontado como exemplo desses impactos a falência da emblemática “SwissAir”, vale a pena clarificarmos, uma vez por todas, embora ter visto na delegação o Sr “P’AVIÃO”, especialista em transportes aéreos :

Numa sequência de opções estratégicas inconsistentes, entre as quais a desastrosa política expansionista adotada na década de ´90 , o SAir Group perdeu mais de 600.000.000€ em apenas o ano de 2000, obrigando à queda da sua administração. Mas, a derrocada da própria operadora já era inevitável, os níveis de endividamento já eram insuportáveis. O acidente com um MD em 1988 no Canadá, conjugado com o 11 de Setembro de 2001, são apontados como eventos igualmente relevantes que contribuíram para a falência!

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Nos dias 2 e 3 de Outubro de 2001, a quase totalidade da frota da empresa foi retida em aeroportos por toda a Europa por falta de pagamento de combustíveis, levando nos dias seguintes à paralisação total da operadora! Caía assim aquilo que muitos chamavam de “Banco Voador”, a bandeira Suíça, orgulho dos helvéticos.

O governo saltou na arena e anunciou um pacote de salvação, ligando a operadora à máquina de respiração artificial, debalde: o “coração” não resistiu! A marca Swissair desapareceu assim dos céus do mundo em 1 de abril de 2002…, não na sequência da Pandemia Covid-19, Ilustres Deputados! Foi criada no seu lugar uma marca nova, a marca “Swiss”, resultante da fusão do que sobrou da Swissair com sua sucessora, a também suíça Crossair! Nada a ver com a Covid, Ilustres Deputados.

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O pantanal em que nós nos encontramos hoje Sr. Porta-Voz do Grupo Parlamentar do MpD é, dentre outros, a consequência desse insólito e (in)conveniente shutdown (o caso da TACV-CVA foi único em dimensão e “fundura”) que se fez à companhia, sob o falso pretexto dos lockdowns em várias latitudes e encontrando-se a operadora num contexto de crise, totalmente desprovida de recursos e ativos!

Com o divórcio já anunciado e consumado entre a IcelandAIr e o Estado, deixou-se a defunta CVA sem “cabedal” nem “músculo” à altura dos desafios, mergulhada num abismo nunca dantes visto de perda de valor, reputação e, como dissemos já, desprovida totalmente de fundos e pertences sem precedentes, criando-se uma situação inédita de extremo sufoco, desânimo e entorpecimento em que se encontra hoje.

Como é evidente, não podia deixar passar essa banha de cobra tão mal vendida e que tem sido utilizada até a exaustão. Com o pudor perdido, na falta de melhores argumentos até a Swissair, falida no início dos anos 2000, é-nos apresentada pelos ilustres parlamentares como uma vitima da Covid-19…, batemos no fundo, de facto!!!

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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