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Opinião

Acima de tudo, bom senso!

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Por Nelson Faria

Que todos nós estamos fartos disto, é óbvio. Não poder estar à-vontade, abraçar, beijar, festejar como gostaríamos, sentirmo-nos limitados em muita coisa e numa que me afeta particularmente, no respirar condicionado com máscara, é uma tremenda chatice. Sentir-se “preso”, “controlado”, limitado, condicionados pela COVID 19 nos deixa, à tod@s, frustrados e aborrecidos certamente. Sentir que nem festejar podemos em época festiva é deveras uma tremenda contrariedade. Mas, seria melhor arriscar, adoecer, por em risco a saúde e vida dos que nos são próximos… morrer? Procurar culpados e enveredar pela via do negacionismo alivia a nossa frustração? Justificar erros e aberrações hoje de grandes aglomerações com o erro de ontem ou cometido por outros recentemente é o mais importante? Afinal qual a essência da discussão que devemos ter hoje? Sobre a pandemia e suas consequências ou sobre festas e festanças? Quanto a mim a discussão de 2020 a esta parte é apenas uma: a pandemia e suas consequências sanitárias e económicas.

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Se formos pela pelos acontecimentos de hoje e atualidade da pandemia, creio que é por todos evidentes o quão contrariado está o mundo com novas vagas de contágio, com novas variantes, que tem impossibilitado a vida “normal” em todos os cantos e cutelos do planeta. Se formos pela racionalidade, verificamos que o cliché se aplica “contra factos, não há argumentos”. Os dados são óbvios. Se formos justos, reconhecemos que há uma pandemia e que a responsabilidade e proteção individual são essenciais, que a vacinação contribui positivamente para redução de casos graves e mortes, que neste quesito, embora o mundo devesse estar melhor, nós em Cabo Verde estamos bem graças, sobretudo, aos doadores das vacinas. Doadores esses que também se viram obrigados a abdicarem de vários festejos e “vida normal” porque a circunstância assim o impõe. Doadores esses que continuam a nos apoiar financeiramente para debelarmos as consequências económicas, além das sanitárias.

Sou muito compreensivo e solidário com muita gente que sofre consequências económicas e financeiras por causa da pandemia. Neste caso, com o pessoal ligado as festas e eventos. De facto, é dos ramos mais prejudicados que, caso se mantiver a sinuosidade das vagas de contágio e condicionamentos, poderão ser obrigados a procurarem outras atividades económicas para ganharem a sua vida. Não está fácil para eles, de forma alguma. Mas, também não está fácil para todos os demais ramos da nossa economia, não está fácil para os profissionais de saúde, nem sequer para governantes e muito menos para a nossa sociedade. O que já não compreendo é a necessidade, quase obsessão, das festas e grandes aglomerações nos tempos de hoje por festeiros com justificações várias, muitas sem lógica e nem fundamento, outras totalmente disparatadas tentando justificar erros hoje com erros recentes dos vizinhos ou mesmo de outros tempos… Não compreendo! Bom senso precisa-se, sobretudo de gente com grandes responsabilidades, mesmo que sintamos tentados a esquecer o tempo que vivemos para voltar a nossa boa vida de antes.

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Por falar nisso, quantos de nós já não teremos caído na tentação de esquecer das regras desta conjuntura, sobretudo no período de maior controlo, onde a convivência com amigos e familiares, sem máscara, foi vivida e tivemos aquela sensação de quase total liberdade que almejamos? Quantos de nós não fizemos isso no Natal? Pois… Sem hipocrisia, a verdade é que por muitos momentos temos esquecido das regras e não as aplicamos linearmente, entretanto não estando isolados do mundo, pelo contrário, por estarmos abertos aos nossos e nossos semelhantes que vêm fora, o risco de partilharmos as variantes do vírus e aumentos de contágio são evidentes. Por isso, também sem hipocrisia, em tempos mais acirrados de aumento de casos, não pode faltar lucidez e racionalidade para focarmos no essencial: na nossa proteção, dos nossos e da nossa sociedade. Cumprir ao máximo as regras sanitárias e evitar desfocar com trivialidades.

Pergunto, em quê é que as grandes festas e eventos com grande aglomeração ajudarão nisto neste final de ano? Para mim, nada.  E como diria o tal Jesus: “Bola. Zero.” Podendo, por ventura e esperando que não, ter efeito contrário ao pretendido. Quanto a mim, porque estar em casa é um prazer e não me falta o que fazer, por lá, arranjarei o meu lazer no final do ano. Naturalmente, respeito as vontades e liberdades de todos que tem opinião contrária, que gostam das festas e grandes eventos nesta época, entretanto apelo ao bom senso, acima de tudo, no que diz respeito ao cumprimento das regras, na proteção individual para o bem de todos nós. Que o ano 2022 seja melhor que este, que consigamos todos, com esforço e sacrifícios, fazer a nossa parte para que possamos ultrapassar isto. Votos de um próspero 2022 na medida do possível e que não falte vida e saúde, que são o mais importante dos nossos bens.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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