Por: Daia Leite
O Pontão de Santa Maria, por muitos anos, foi o coração pulsante de uma pequena cidade que viveu ao ritmo das ondas e dos ventos salinos. Era mais do que um simples ponto de ancoragem. Era onde turistas e moradores se misturavam, onde o mar sussurrava histórias de tempos distantes e onde cada pôr do sol parecia eternizar momentos de paz e reflexão. Caminhar sobre suas tábuas desgastadas era como pisar em memórias, sentir o peso da história sob os pés, e ouvir o eco das vozes que outrora riam, conversavam e contemplavam a vastidão do horizonte.
No dia 10 de outubro de 2024, uma tempestade de rara ferocidade engoliu o Pontão. As águas furiosas e os ventos violentos não pouparam a estrutura que havia resistido por décadas. Quando a tempestade finalmente cedeu, o cenário era desolador. Onde antes havia vida e movimento, restavam escombros e destroços, fragmentos de um passado agora submerso.
Mas, ao invés de lamentos, há uma oportunidade para ressurgir. A reconstrução do Pontão de Santa Maria deve honrar sua história, mas também apontar para o futuro. A proposta não é apenas recriar o que foi perdido, mas reinventá-lo, trazendo modernidade sem apagar sua alma. Um novo pontão, construído com materiais sustentáveis e resistentes às intempéries, poderia ser erguido, oferecendo não só um ponto de conexão com o mar, mas também um centro de atividades comunitárias, económicas e culturais. Um emblemático mercado de peixe, conectando a histórica atividade, exposições de arte, eventos musicais — o novo Pontão poderia ser um símbolo de resiliência, um lugar onde o passado encontra o futuro, e onde as memórias de ontem continuam a ecoar nas novas gerações.
A tempestade levou o Pontão, mas não destruiu seu espírito. Que o novo Pontão de Santa Maria se torne, então, um farol de esperança e renovação, erguido pela força de uma comunidade que jamais se curva diante das adversidades.