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Opinião

A abstenção ao voto não é a solução aos problemas nacionais!

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Por: Areolina Durán

Votar é um direito e dever de todo o cidadão Cabo-verdiano. Votar é a plataforma de exercer o seu poder de decisão e expressar a sua vontade de maneira livre e consciente. É a arma que o cidadão dispõe para solucionar as suas necessidades, dificuldades e carências.

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Em Cabo Verde, votar não é obrigatório. Consequentemente, nos últimos anos vem-se notando um aumento significativo da abstenção. Por exemplo, em 2016 constatou-se uma taxa de abstenção nacional de 41,6%. A maior taxa de abstenção foi registada no concelho da Praia com 56,5%, seguido de São Vicente com 47,3%. Segundo a CNE (2017) houve um aumento substancial do número de inscritos na base de dados do Recenseamento Eleitoral, porém as taxas de abstenção aumentaram em um10,6% comparado com as eleições autárquicas realizadas no ano 2012.

Os resultados das recentes eleições autárquicas revelaram que 58,4 % dos inscritos nos cadernos eleitorais exerceram o seu voto, sendo que a abstenção registada foi de 41,6%. O município de Praia continua liderando no absentismo ao voto, sendo registada 55,6% de abstenção. Seguida ao município da Praia, esta a ilha do Sal com 44,4%, São Vicente com 43,4% e São Miguel no interior de Santiago registou um 41,3% de abstenção. Estes resultados testemunham a inconformidade da população Cabo-verdiana, a perda de interesse pela política, e o desacreditar nos representativos políticos. Estas atitudes são visíveis na arena política, onde os cidadãos são claramente “todos são iguais”.

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Se faz necessário ressaltar que esta mentalidade de conformismo não permite que o país avance, pois acarreta consequências perceptíveis tais como o desequilíbrio no sistema parlamentar e a persistência do bipartidarismo, donde os dois grandes partidos políticos são os únicos com possibilidades reais de ocupar o poder. Daí, as desigualdades sociais persistam, a educação e a saúde mantêm-se precária, o desemprego, principalmente na camada jovem continua-se aumentando, e a economia fracassada continuam sendo a realidade do Cabo-verdiano.

O desacreditar do Cabo-verdiano na política e nos partidos políticos agudiza este desequilíbrio, já que os partidos menores são privados da oportunidade de estar e participar no poder e oferecer uma nova perspectiva aos Cabo-verdianos em termos de decisões políticas, económicas e socioculturais.

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Sabe-se que em Cabo Verde o direito de apresentação de candidaturas está reservado aos partidos políticos. Por conseguinte, ser deputado e representar a voz do povo no parlamento requer estar dentro de um partido político. Dito isto, os Cabo-verdianos precisam entender que a abstenção não constitui a forma de manifestar o seu descontentamento com os políticos. Diga-se “políticos” pois pode-se dizer que, a maioria deles não representam a voz do povo que os elegeram, senão, representam interesses pessoais e partidários. Não obstante, existe uma minoria de representantes que tem como prioridade a representação dos interesses do povo e o desenvolvimento do país.

Neste sentido, apelamos a reflexão por parte de cada um dos cidadãos para utilizar a política como um instrumento para governar, tantos para os eleitores como para os eleitos. Precisa-se “re-significar” a palavra Política, ressaltando a sua importância numa sociedade. A política faz parte da vida de todos os cidadãos. A política de um país incide directa ou indirectamente na vida social, na educação, na saúde, na economia, nas políticas de emigração, só por citar algumas áreas. Estes variáveis dependem da capacidade governativa dos representativos eleitos.

Nenhum país vive sem a política. Os cidadãos devem frisar a sua importância individual no quadro político e engajar-se na luta por melhorias colectivas. Eles devem interessar pelo que acontece ao seu arredor, informando-se e discutindo com familiares, amigos, e colegas sobre questões pertinentes. Nesse âmbito colaborativo, devem compartilhar suas ideias e perspectivas, participar activamente em associações, organizações não governamentais e votar no candidato político que lhes representarão no palco nacional.

A sociedade Cabo-verdiana apela por uma mudança urgente. Esta mudança está nas tuas mãos. Na mão de cada um dos cidadãos. No vosso direito ao voto. Para isso, o povo Cabo-verdiano precisa ter um Insigth, reconhecer urgentemente que o PODER está nas suas mãos e com este poder, juntos podemos mover montanhas. Já basta de conformismo, vamos ser agentes activos e participativos, vamos dar nosso contributo ao desenvolvimento do nosso país, equilibrando o nosso sistema político.

Exerça o seu voto! Exerça seu poder!

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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