A empresa americana Moderna anunciou que os testes clínicos de sua vacina experimental contra a Covid-19, uma das mais avançadas, não serão concluídos antes de 25 de novembro. O prazo exclui portanto qualquer comercialização do imunizante antes das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para 3 de novembro.
“Teremos dados suficientes sobre a segurança (da vacina) em 25 de novembro para podermos solicitar uma aprovação emergencial da Agência Federal de Medicamentos, desde que os dados de segurança sejam positivos”, disse Stéphane Bancel, CEO da Moderna, em conferência organizada pelo jornal “Financial Times”.
A Moderna e as empresas farmacêuticas americanas Pfizer e Johnson&Johnson estão na fase 3 dos testes clínicos, na qual a vacina ou um placebo são injetados em dezenas de milhares de voluntários para verificar se a vacina é segura e eficaz. Já os testes da fase 3 da vacina AstraZeneca/Oxford continuam suspensos, mesmo depois de pesquisadores atestarem que a retomada é segura.
O presidente Donald Trump expressou repetidamente no debate com o Democrata Joe Biden o desejo de obter uma vacina antes das eleições, o que suscitou preocupação em especialistas em saúde pública sobre uma possível pressão no processo de regulamentação. É que apenas um laboratório, Pfizer, espera resultados até o final de outubro, poucos dias antes da votação, o que permitiria à empresa buscar imediatamente a aprovação da Agência Federal de Medicamentos.
Este protocolo de testes fornece uma análise dos dados em um estágio inicial em comparação com os outros. Mas cientistas e especialistas em ensaios clínicos alertam para os riscos de uma aprovação rápida. Consideram mais pertinente testar a vacina por mais alguns meses, para ter certeza de sua eficácia e possíveis efeitos colaterais, especialmente porque a vacina seria aplicada em centenas de milhões de pessoas.