Os países da União Africana lançaram simbolicamente este domingo, em Niamei, a Zona de Livre-Comércio Continental Africana (ZLEC), que deve entrar em vigor em 2020. Vários chefes de Estado presentes na cimeira falaram dos “instrumentos operacionais” do ZLEC, antes de o presidente do Níger, Mahamadou Issoufu, revelar uma placa da zona de livre-comércio.
“A entrada em vigor da ZLEC é o acontecimento mais importante na vida do nosso continente desde a criação da Organização da União Africana (OUA), em 1963, e a sua transformação em União Africana”, afirmou Issoufu, um dos maiores defensores do projecto.“Um sonho antigo se torna realidade”, declarou, por seu turno, o presidente da Comissão da UA, Mussa Faki Mahamat, assinalando que a ZLEC se tornará “o grande espaço comercial do mundo”.
Cerca de 4,5 mil delegados e convidados, entre eles 32 chefes de Estado e mais de 100 ministros, participaram do encontro na capital do Níger. A Nigéria, maior economia da África e maior mercado do continente, que estava reticente, e o vizinho Benin assinaram decidiram assinar acordo hoje, na abertura da cúpula.
O novo mercado é formado por 54 dos 55 países africanos (a Eritreia não assinou o acordo) e envolve cerca de 1,2 bilião de pessoas, para um PIB acumulado de mais de 2,5 triliões de dólares.
A UA estima que o projecto permitirá aumentar em cerca de 60% o comércio dentro do continente até 2022 e atrairá mais investidores. Mas os detractores do acordo, principalmente os sindicatos, temem que o mesmo fomente as importações em massa, matando a indústria local e gerando desemprego.
Negociações continuam
“O caminho ainda é longo”, comentou o presidente egípcio, Abdel al-Sisi. Duras negociações continuavam acontecendo sobre a aplicação progressiva da ZLEC. Estas envolviam, por exemplo, o calendário da redução das tarifas alfandegárias e a velocidade em que serão reduzidas, mas também a questão dos bens importados de fora da UA, informou fonte diplomática.
Actualmente, apenas 16% do comércio dos países africanos é feito com outros países do continente, e se dá, essencialmente, entre grupos económicos regionais. O tratado não poderia entrar em vigor sem a sua ratificação por, pelo menos, 22 países. Vinte e cinco países já o ratificaram, entre eles pesos pesados do continente, como África do Sul, Egipto, Quénia e Etiópia.
C/Angop