As organizações Repórteres Sem Fronteiras (RSF, sigla em francês) e Truth Hounds denunciam a “estratégia deliberada” da Rússia de bombardear hotéis ucranianos onde estão hospedados jornalistas, com o objetivo de “silenciá-los”.
Estas organizações não governamentais relatam que, de fevereiro de 2022 a meados de março de 2025, 31 ataques russos atingiram 25 hotéis na Ucrânia. Somente um desses hotéis – localizado “principalmente em regiões próximas ao front”, como Kharkiv (nordeste), Donetsk (leste), Dnipro (centro), Odessa (sul) e Kiev – “era usado pelo exército”, enquanto “os outros abrigavam civis”.
Entre estes, havia “25 jornalistas e profissionais da mídia” que “se viram sob bombardeio”, afirmam as organizações, evocando possíveis “crimes de guerra”. Um deles, o britânico Ryan Evans, conselheiro de segurança da Reuters, foi morto em agosto em Kramatorsk (leste) enquanto pelo menos outros sete profissionais da informação ficaram feridos.
A maioria dos ataques teria ocorrido à noite, quando os hotéis ficam mais movimentados, asseguram as fontes. Além disso, 15 ataques foram realizados “com mísseis russos Iskander 9K720, conhecidos por sua precisão”, apontam as ONGs, denunciando bombardeios “metódicos e coordenados”.
Para Pauline Maufrais, correspondente da RSF, esses ataques “não são casuais nem aleatórios”, pelo contrário, “visam reduzir a cobertura da guerra”.
A Ong apela por isso à Procuradoria do Tribunal Penal Internacional de França, onde tem a sua sede, para que abra um inquérito contra os responsáveis por estes ataques, que define como crimes de guerra. “Ao atacarem infraestruturas civis, violam o direito humanitário e constituem crimes de guerra. Os responsáveis devem ser levados à justiça”, sublinhou Pauline Maufrais, acrescenta.
A RSF apela também às autoridades ucranianas para que reforcem a cooperação com os meios de comunicação social, a fim de melhorar a sua segurança, e para que confiram máxima prioridade à investigação e ao julgamento destes ataques.
C/Vaticano News