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Primeira vítima da 2ª Guerra Mundial morreu há exactos 80 anos – Saiba quem foi

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Os números não são precisos, mas estima-se que 70 milhões a 85 milhões de pessoas tenham morrido na guerra mais mortal da história moderna, a II Guerra Mundial, que começou há exatos 80 anos, quando os alemães invadiram a Polónia, em 1º de setembro de 1939.

A primeira vítima dessa guerra, no entanto, morreu na véspera. Franciszek Honiok, um polonês de 43 anos, foi assassinado por soldados na cidade alemã de Gleiwitz, como parte de uma ação que visava – ao lado de várias outras operações falsas ao longo da fronteira – justificar a invasão ao país vizinho no dia seguinte.

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Honiok, que foi preso pela polícia alemã no dia 30 de agosto, havia lutado pela resistência polonesa nas chamadas Revoltas da Silésia, após a I Guerra Mundial, e, mesmo vivendo na Alemanha, era conhecido por sua lealdade à Polónia. Tinha, portanto, o perfil ideal para ser usado no esquema que ficou conhecido como o Incidente de Gleiwitz.

Havia meses, Hitler planejava invadir a Polónia. Mas, para conquistar apoio, precisava de uma razão sólida que justificasse a ação. Passou então a espalhar falsa propaganda sobre violentas agressões a alemães em cidades polonesas e, sob a coordenação de Heinrich Himmler, chefe da SS (espécie de tropa de choque do Partido Nazista) implementou a Operação Himmler: uma série de falsos ataques em pontos da fronteira entre os dois países, nos quais instalações alemãs seriam alvos.

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Um dos pontos escolhidos foi a torre de transmissão de rádio de Gleiwitz, como explica o historiador Kamil Kartasinski, do Museu de Gliwice (atual nome da cidade): “Para tornar essas ações públicas no mundo todo, um dos ataques foi à estação de rádio na fronteira alemã, que durante o dia cobria toda a área da Alta Silésia (região então alemã, hoje ocupada por cidades da Polônia e República Tcheca), e que durante a noite alcançava áreas muito mais distantes. Ela foi a mais importante da Operação Himmler porque tinha como alvo uma rádio, que na época era a mídia das massas”.

Para que o ataque parecesse real, os funcionários foram pegos de surpresa por sete rebeldes “silesianos” durante a invasão – na verdade alemães usando uniformes do país vizinho. E, um destes, que sabia falar o idioma, anunciou no ar: “Uwage! Tu Gliwice. Rozglosnia znajduje sie w rekach Polskich” (Atenção! Aqui é Gliwice. A estação de transmissão está em mãos polonesas). A mensagem original, muito mais longa, não pode ser transmitida porque, por um erro de planejamento, eles entraram no prédio onde ficava apenas o setor técnico da rádio, e não seus microfones e estúdios.

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Em suas casas, alemães e poloneses não entenderam muito bem o que estava acontecendo e, segundo Kartasinski, não deram a atenção que seus autores achavam que tinham conseguido atrair. Ainda assim, acreditando que o golpe tinha sido bem-sucedido, os soldados acrescentaram um dramático toque final à cena: um corpo polonês. Este, porém, de verdade. Franciszek Honiok, drogado na prisão e arrastado inconsciente até o local, levou um tiro na cabeça e foi deixado no prédio, vestindo um uniforme polonês. Ele seria a “prova” da tentativa de invasão com a qual ninguém se importou.

Mal executada ou não, a operação foi reportada a Berlim, que a anunciou, ao lado das outras falsas invasões e ataques na fronteira, como uma série de provocações inaceitáveis dos poloneses, que estaria começando uma guerra contra o Terceiro Reich – apresentado como “vítima”.

Em 1º de setembro, horas depois da morte de Honiok no Incidente de Gleiwitz, a Alemanha invadia e iniciava suas ações militares na Polônia. Na sequência, França e Reino Unido declararam oficialmente guerra ao Reich e o caso da rádio foi praticamente esquecido até 1946, quando o comandante da ação, Alfred Naujocks, revelou os detalhes durante seu depoimento no tribunal de Nuremberg.

De acordo com Kartasinski, antes da guerra, cerca de 15% dos habitantes de Gleiwitz eram poloneses. “Na verdade, até 1933, as relações entre eles e os alemães na cidade eram boas. Foi só quando os nazistas chegaram ao poder, e em especial com o início da II Guerra Mundial, que a máquina nazista de repressão, que foi muito prejudicial aos poloneses locais, entrou em ação”, diz.

Entre 1944 e 1945, a cidade serviu como sede para quatro subcampos de concentração de Auschwitz, onde judeus e membros de outras minorias detidos pelos nazistas eram confinados antes de serem enviados para os campos principais. O historiador não precisa quantas pessoas ficaram presas ali no total, mas lembra que, “na metade de janeiro de 1945, havia cerca de 3 mil pessoas em todos os quatro subcampos”.

Texto original: Globo.com


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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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