Nenhum país no mundo deverá alcançar a igualdade de género até 2030, de acordo com o primeiro índice criado para medir o progresso em relação as metas acordadas internacionalmente. Segundo “The Guardian”, Melinda Gates, copresidente da Fundação Bill e Melinda Gates, disse que o índice, lançado esta segunda-feira, “deve servir como um alerta para o mundo”.
Mesmo os países nórdicos, que lideram o índice, precisariam de fazer progressos significativos para cumprirem os compromissos de género inscritos nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, aos quais 193 países aderiram em 2015, refere. Os objectivos constituem o modelo dos esforços globais para acabar com a pobreza e a desigualdade e para enfrentar a crise climática, sendo o ano de 2030 o prazo para os cumprir.
O índice estima que 2,8 mil milhões de mulheres e meninas vivem em países que não estão a fazer o suficiente para melhorar as suas vidas.
Dinamarca em primeiro, Chade em último
O índice regista o progresso em 129 países de zero a 100, sendo a pontuação máxima indicativa de que a igualdade teria sido alcançada. Os objectivos considerados referem-se especificamente à igualdade de género e a situações que afectam desproporcionalmente mulheres e meninas, tais como o acesso a água potável, a serviços bancários móveis e à internet.
De acordo com o índice, países com uma pontuação igual ou superior a 90 estão a fazer excelentes progressos, ao contrário dos que pontuaram 59 ou abaixo desse valor. Apenas 21 países pontuaram acima de 80. No topo da tabela está a Dinamarca, com 89,3, e no último lugar está o Chade, com 33,4.
A baixa representação parlamentar das mulheres, as disparidades salariais e a violência de género estão entre os problemas que os países mostram dificuldades em resolver. Também preocupam os especialistas envolvidos na elaboração do índice o facto de mais de metade dos países terem baixas pontuações nos esforços para alcançar o objectivo de desenvolvimento que visa eliminar a desigualdade de género e dar mais poder às mulheres.
O objetivo tem metas específicas para eliminar todas as formas de violência contra as mulheres e meninas, acabar com a mutilação genital feminina e o casamento infantil, garantir o acesso universal a cuidados de saúde sexual e reprodutiva e defender os direitos reprodutivos das mulheres.
A diretora da Equal Measures 2030 (uma parceria de várias instituições da sociedade civil e do sector privado, incluindo a fundação do casal Gates), Alison Holder, alerta ainda para a possibilidade de reversão dos progressos já realizados, aludindo especificamente aos retrocessos atuais nas leis do aborto nos EUA. O país ficou na 28.ª posição, com 77,6 pontos.
C/Expresso.pt