Jorge Coelho, o então ministro-Ajunto que acompanhou o então Primeiro-ministro António Guterres na sua primeira visita oficial a Cabo Verde, em 1997, morreu ontem aos 66 anos, vítima de um ataque cardíaco fulminante quando visitava uma casa na Figueira da Foz. Esta morte repentina e inesperada deixou a classe política e empresarial portuguesa em choque.
Numa curta declaração, António Costa disse que Jorge Coelho “foi sobretudo um amigo de todos nós” encarnando como poucos a “alma socialista”. “Não era só um camarada, era um amigo de todos nós”, sublinhou o chefe do governo e líder do Partido Socialista. Recordou-o também como “uma força da natureza que ajudou o PS a reerguer-se” de dez anos na oposição (1985-1995). Prometeu ainda que depois da passada a pandemia o PS o irá homenagear de forma devida, sem a “contenção” que o covid-19 impõe.
Na nota de pesar publicado no site da Presidência portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa escreveu que “desaparece uma das mais destacadas personalidades da vida pública portuguesa nas décadas de 1980 e 90 e no início deste século, em que foi governante, parlamentar, conselheiro de Estado, dirigente partidário, analista político e gestor empresarial”.
Também António Guterres manifestou-se “chocado” pela perda do “amigo queridíssimo”. Num depoimento à SIC, este frisou que sempre o acompanhou “nos momentos decisivos” da sua vida. “Era a alegria de viver, era a personificação da vida. Nem sequer consigo aceitar”, disse o secretário-geral das Nações Unidas, desfiando um rol de qualidades de Jorge Coelho: “Tinha enorme capacidade, era um político inteligentíssimo”.
Guterres lembrou ainda a sua demissão do governo em 2001, enquanto ministro das Obras Públicas, por causa da queda da ponte Entre-os-Rios.. E mesmo depois de abandonar as funções governativas não desmobilizou do PS. Assumiu uma posição central no partido e coordenou a campanha às legislativas de 2005, que deram a primeira maioria absoluta a José Sócrates. Foi ainda conselheiro de Estado, cargo que deixou em 2008 para se dedicar à vida empresarial, quando foi convidado para CEO do grupo Mota-Engil.
A última missão política Coelho foi como organizador das primárias do PS em 2014 que deram a António Costa a liderança do partido. Nos últimos anos abriu um bem-sucedido negócio de produção e comercialização de queijo na sua cidade natal, Mangualde (Viseu). Em 1996 tinha sido também organizado a campanha que elegeu Jorge Sampaio Presidente da República.