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Menina sequestrada na Índia consegue fugir e voltar para casa nove anos depois

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Pooja Gaud tinha sete anos quando, em janeiro de 2013, foi dada como desaparecida em Mumbai, à porta da escola. Nove anos depois, a menina reencontrou a família ao conseguir fugir da casa onde estava sequestrada, com a ajuda de uma babysitter.

Pooja estava com o irmão mais velho à porta da escola quando tiveram uma pequena discussão e o rapaz, que já estava atrasado para as aulas, entrou e deixou a menina à porta do estabelecimento de ensino na capital do estado de Maharashtra. Pouco depois, um casal aproximou-se e ofereceu um gelado a Pooja. Foi assim que atraíram a menina até ao carro para a sequestrarem. Primeiro, foi levada para Goa e depois para Karnataka, estados no oeste e sul da Índia, respetivamente. Na viagem, o casal ameaçou bater na criança se ela chorasse ou desse nas vistas.

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No início, Pooja ainda frequentou a escola mas tudo mudou depois do casal ter um filho. Mudaram-se para Mumbai, onde Gaud vivia com a família antes do sequestro, e a menina foi retirada do ensino e passou a ser escrava dos raptores e do filho. “Eles batiam-me com um cinto, davam-me pontapés e socos. Uma vez bateram-me com um rolo de massa com tanta força que as minhas costas começaram a sangrar. Também fui obrigada a fazer tarefas domésticas e trabalhar de 12 a 24 horas seguidas”, contou Pooja, agora com 16 anos, à BBC.

Pooja, que não tinha telemóvel, estava sempre a ser vigiada e nunca tinha dinheiro nem para fazer uma chamada, aproveitou que os sequestradores estavam a dormir para lhes tirar o telemóvel e procurar pelo próprio nome no Youtube. Encontrou reportagens sobre o desaparecimento e cartazes com contactos telefónicos. Ficou em choque e com medo, mas disposta a fugir. Levou mais sete meses até ter coragem de pedir ajuda a Pramila Devendra, uma empregada doméstica que trabalhava na casa para onde Pooja tinha sido levada e que também era babysitter do filho do casal.

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Pramila concordou prontamente a ajudá-la e acabou por ligar para um dos números do cartaz. Atendeu um vizinho da mãe de Pooja, que pôs mãe e filha em contacto. As duas falaram por videochamada e depois marcaram um encontro. “Todas as minhas dúvidas acabaram ali. Eu sabia que havia encontrado minha filha, principalmente depois de ver a marca de nascença da menina”, disse a mãe, Poonam Gaud.

Pouco tempo depois do encontro, Pooja, juntamente com Pramila, foram à polícia fazer queixa. “Contei-lhes tudo. Até contei onde moravam meus sequestradores”. 

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Os responsáveis pelo rapto são Harry e Soni D’Souza, que justificaram o rapto com o facto de, até à época, não terem conseguido ser pais. O homem já foi detido, acusado sequestro, ameaças, violência física e desrespeito pelas leis de trabalho infantil, mas as autoridades não explicaram as razões de terem deixado a mulher em liberdade.

No dia 4 de agosto aconteceu o reencontro com toda a família, excepto o pai de Pooja morreu há poucos meses, vítima de cancro. “Tinha perdido a esperança de encontrar a minha filha mas, felizmente, Deus ajudou-me. Não podia estar mais feliz”, vincou Poonam. A mãe, que vende comida numa estação ferroviária para se sustentar a si e aos três filhos, diz que as coisas não são fáceis mas que tudo muda quando olha para Pooja, que já garantiu que pretende ajudá-la e estudar. “Se eu não trabalhar um dia não temos dinheiro para comida no dia seguinte. É preciso força mas tudo muda quando olho para a minha menina, que felizmente já apareceu”, concluiu.

Fonte: JN

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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