Uma médica de 93 anos doou mil milhões de dólares a uma escola de medicina do Bronx, permitindo que os estudantes de uma das zonas mais pobres de Nova Iorque terminem os estudos sem dívidas, como também aqueles que nunca sonharam em estudar medicina o possam fazer.
Ruth Gottesman decidiu usar uma fortuna no valor de mil milhões de dólares (mais de 921 milhões de euros), deixada pelo marido, para eliminar as propinas de um curso de medicina numa escola de Nova Iorque, nos Estados Unidos. A história é contada pela The New York Times, que relata como a amizade entre Ruth e Philip Ozuah, dois médicos, vai ajudar muitos jovens a seguir medicina.
Gottesman e Ozuah solidificaram a sua relação durante uma viagem de avião até à Florida em 2020. Falaram da infância, separada por três décadas, e também do percurso profissional – ambos passaram pela instituição que vai agora receber esta doação, a Universidade de Medicina Albert Einstein. Semanas depois, a pandemia de Covid-19 arrasou o mundo e Ruth e o seu marido ficaram doentes. Durante o período mais crítico, Philip Ozuah quis saber como o casal estava. “Foi assim que a amizade evoluiu”, explicou o médico, referindo que provavelmente os visitou durante cerca de três semanas.
Três anos depois, Ozuah convidou Gottesman para fazer parte do painel de conselheiros da universidade, papel que esta já tinha assumido, mas acabou por receber o convite com surpresa, dado que já estava com mais de 90 anos. Em 2022, aos 96 anos, morreu o marido de Ruth, que arrecadou a sua fortuna como financeiro em Wall Street. “Deixou-me ações na Berkshire Hathaway”, contou, explicando que a herança vinha com instruções:“Faz o que achares melhor com elas”.
Apesar de não querer pensar no que fazer com a fortuna nos primeiros tempos, foram os filhos que a encorajaram a fazê-lo e, segundo conta, foi quando começou a pensar no destino a dar ao dinheiro que, de imediato, percebeu aonde este pertencia.“Queria financiar estudantes na Universidade Einstein para que não pagassem propinas”, apontou. Segundo o Times, as propinas rondam os 60 mil dólares anuais, com muitos estudantes a terminarem o curso com uma dívida no valor de 200 mil dólares (mais de 184 mil euros) – crédito muitas vezes necessário para aceder ao ensino superior nos Estados Unidos.
A mulher, médica e professora na instituição defendeu que não só as doações iam permitir que muitas pessoas terminassem os seus estudos sem dívidas, como também deixar que pessoas de outras classes sociais conseguissem seguir o sonho de serem médicos. “Temos médicos incríveis, mas esta doação vai criar oportunidades para estudantes cujo estatuto económico não lhes permite sequer ingressar em faculdades de medicina”, sublinhou, acrescentando: “É isso que me deixa feliz”.