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Mais três países africanos anunciam encerramento de bases militares da França

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O ano 2025 vai marcar o encerramento de bases militares da França nalguns países africanos. Durante a passagem de ano, os presidentes do Chade, Costa do Marfim e Senegal asseguraram nos seus discursos às respectivas nações que a França vai ter de lhes devolver as bases instaladas nos seus territórios.

No Chade, o Presidente Mahamat Idriss Déby afirmou que, no domínio da diplomacia, colocou em primeiro lugar os interesses do seu país, mais precisamente a soberania. “Foi nesta perspectiva que decidi, após uma análise atenta da situação, romper definitivamente os acordos militares com a França. Esta decisão soberana vai trazer grandes desafios que teremos de enfrentar”, disse o Chefe de Estado, acentuando estar ciente das consequências securitárias, económicas, diplomáticas e mediáticas dessa histórica decisão. “Sei que seremos combatidos”, admitiu o presidente eleito do Chade, país que vai ter uma nova Constituição.

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Na Costa do Marfim, o Presidente Alassane Ouattara anunciou, no seu discurso à nação, que a base militar francesa de Abidjan ia ser devolvida aos marfinenses. Num plano mais geral, admitiu que vai haver uma saída das forças francesas do território deste país africano e que a base militar de Port-Bouët será doravante chamada Base Général Ouattara Thomas d’Aquin, o nome do primeiro Chefe do Estado-Maior das forças marfinenses. Entretanto, assegurou que o país não vai romper as ligações com França, ao contrário das decisões tomadas pelo Níger, Mali e do Burkina Faso, que se aproximaram da Rússia.

No Senegal, o Presidente Bassirou Diomaye Faye afirmou que 2025 será o“fim de todas as presenças militares estrangeiras” no território senegalês. Já a 28 de novembro tinha anunciado que todas as bases militares francesas tinham de ser fechadas no território nacional. Diomaye Faye admitiu, no entanto, que “todos os amigos do Senegal serão tratados como parceiros estratégicos, enquadrados numa cooperação aberta, diversificada e descomplexada”. O actual Presidente foi eleito em abril de 2024 com a promessa de dar novamente ao Senegal a sua soberania e acabar com a dependência de países estrangeiros.

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Desde a independência das colónias francesas na África, a França mantém uma política de influência económica, política e militar chamada FrançAfrique, que incluía milhares de tropas permanentes na região. A França ainda tem 600 tropas na Costa do Marfim, 350 no Senegal e 350 no Gabão, assim como cerca de 1.500 no Djibouti. Ela teve 1.000 tropas no Chade.

O crescente sentimento antifrancês levou a protestos de rua em vários países do Oeste e Norte da África, enquanto governos que ganharam poder com promessas de redefinir relacionamentos com o Ocidente dizem que os laços com a França não beneficiaram a população. Eles querem explorar opções com a Rússia, China, Turquia e outras potências.

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O pacto colonial franco-africano garantiu que as decisões financeiras africanas fossem tomadas com os interesses franceses em mente e que os mercados francófonos pós-coloniais fossem reservados para empresas e comerciantes franceses. E, de todos os recursos disponíveis para a França, o urânio era indiscutivelmente o de maior importância. Não só oferecia valor económico, mas também político e militar, e reedificava o status da França como uma força global.

C/ RFI, EuroNews e Areamilitarof.com

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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