Os Guardas da Revolução do Irão anunciaram esta quinta-feira terem abatido um avião não-tripulado (drone) norte-americano, em violação do espaço aéreo no sul do país, numa nova escalada de tensão entre Washington e Teerão. Os EUA confirmaram ter perdido o aparelho, mas alegam que este estava em espaço aéreo internacional, sobre o estreito de Ormuz.
De acordo com a Press TV, o canal de informação em inglês da televisão estatal iraniana, um modelo Global Hawk, da empresa norte-americana Northrop Grumman,”foi abatido pela força aérea” de Teerão, na província costeira de Hormozgan, no sul do Irão. A televisão estatal não forneceu, contudo, imagens do drone abatido.
Uma fonte oficial norte-americana confirmou à Reuters o abate do aparelho, mas revelou que este estava a sobrevoar o estreito de Ormuz, em águas internacionais. O responsável, que quis manter o anonimato, indicou que o drone é um MQ-4C Triton, da marinha norte-americana, que segundo o fabricante, Northrop Grumman, pode voar durante 24 horas a altitudes superiores a 16 mil metros e um alcance operacional de 8200 milhas náuticas.
Este incidente ocorre num contexto de fortes tensões entre o Irão e os Estados Unidos e depois de, na passada quinta-feira, dois petroleiros, um norueguês e um japonês, terem sido alvo de ataques no estreito de Ormuz. O Irão negou qualquer envolvimento nos ataques e sugeriu que podia tratar-se de um golpe norte-americano para justificar o uso da força contra a República Islâmica.
Na segunda-feira, os países-membros da UE mostraram-se prudentes na atribuição de responsabilidades nos ataques no golfo de Omã, recusando-se a alinhar com Washington e Londres, que culparam Teerão, e ainda a Arábia Saudita, rival regional do xiita Irão e aliada dos Estados Unidos. Vários ministros presentes no Conselho de Negócios Estrangeiros da UE manifestaram apoio à posição defendida pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, e a Alta Representante para a Política Externa e de Segurança dos 28, Federica Mogherini, admitiu a preocupação do bloco “com o risco de derrapagem”.
Também na segunda-feira, o ministro da Defesa norte-americano, Patrick Shanahan, anunciou que vão ser enviados cerca de mil soldados para o Médio Oriente, sustentando que “os recentes ataques iranianos validam informações viáveis e credíveis sobre o comportamento hostil das forças iranianas e dos grupos que apoiam, o que representa uma ameaça para os cidadãos e os interesses norte-americanos no conjunto da região”.
Em meados de maio, o Pentágono já tinha enviado para o golfo um porta-aviões, o USS “Abraham Lincoln”, um navio de guerra, bombardeiros B-52 e uma bateria de mísseis Patriot. No final do mesmo mês, tinha anunciado a transferência para o Médio Oriente de mais 1.500 soldados.
O diferendo entre os EUA e o Irão é longo e a crispação está a aumentar desde que o Presidente norte-americano, Donald Trump, retirou, há um ano, o país do acordo nuclear internacional de 2015, assinado entre os 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança — Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China — mais a Alemanha) e o Irão, restaurando sanções devastadoras para a economia iraniana.
C/Dn.pt