Os partidos da maioria parlamentar na Guiné-Bissau realizam hoje, Dia de África, o terceiro protesto para exigir ao Presidente a indigitação do primeiro-ministro e nomeação do Governo, na sequência das legislativas de 10 de março, que ditaram a vitória do PAIGC, mas sem maioria.
O Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), a Assembleia do Povo Unido — Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, que juntos têm 54 dos 102 deputados do parlamento Bissau-guineense, aguardam há mais de um mês pela nomeação do novo primeiro-ministro.
Ontem, sexta-feira, numa declaração pública, organizações da sociedade civil da Guiné-Bissau exigiram do Presidente da República, José Mário Vaz, a nomeação do primeiro-ministro e também a marcação de eleições presidenciais. José Mário Vaz termina o seu mandato a 23 de junho.
O novo impasse político teve início com a eleição dos membros da Assembleia Nacional Popular, logo depois da tomada de posse dos novos deputados a 18 de abril.
Depois de Cipriano Cassamá, do PAIGC, ter sido reconduzido no cargo de presidente do parlamento, e Nuno Nabian, da APU-PDGB, ter sido eleito primeiro vice-presidente, a maior parte dos deputados guineenses votou contra o nome do coordenador do Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), Braima Camará, para segundo vice-presidente.
O Madem-G15 recusou avançar com outro nome para cargo e apresentou uma providência cautelar para anular a votação, que foi recusada pelo Supremo Tribunal de Justiça. Já o Partido de Renovação Social reclama para si a indicação do nome do primeiro secretário da mesa da assembleia.
O parlamento está dividido em dois blocos, um, que inclui o PAIGC (partido mais votado, mas sem maioria), a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com 54 deputados, e outro, que junta Madem-G15 (segundo partido mais votado) e o Partido de Renovação Social, com 48.
À imprensa, o Vaz justificou o atraso na nomeação do PM com a falta de entendimento no parlamento. “Não temos primeiro-ministro porque ainda temos esperança que haja um entendimento entre partidos na constituição da mesa da Assembleia e porque o Governo é da emanação da Assembleia.”
C/Observador.pt