Nolan Moittie, de 10 anos, foi uma das 15 crianças que adoeceu depois de ter consumido, em 2011, um hambúrguer de carne de vaca contaminado pela bactéria E. Coli comprado num supermercado Lidl em Hauts-de-France, no norte de França. Contraiu graves sequelas neurológicas, tendo ficado paralisado, sem conseguir falar e diabético. Oito anos depois, o coração de Nolan parou de bater.
Segundo o Diário de Notícias, morreu no sábado devido aos “efeitos da intoxicação”, disse à AFP a advogada da família, Florence Rault. “Foi uma longa provação porque ele não parou de sofrer por um momento: os seus membros deformaram-se, os ossos estavam fracos, passou por inúmeras cirurgias, já não conseguia comer, engolir, falar ou mover-se, porque deixou de ter coordenação”, afirmou a representante da família de Nolan.
De acordo com o jornal Le Parisien, o rapaz foi internado nos cuidados intensivos no fim de semana depois de sofrer uma paragem cardíaca. Ele ficou diabético, era “alimentado por cateter”, tinha de ser medicado várias vezes ao dia, foi submetido a várias cirurgias e passou parte da sua vida hospitalizado. “O seu corpo finalmente desistiu” como “consequência de todas estas patologias que pioraram e deterioraram” o seu estado de saúde.
Entre as crianças infetadas pelo consumo do hambúrguer contaminado, Nolan foi o mais afetado. Desenvolveu sequelas neurológicas, ficou com paralisia motora, doença mental, depois de comer a carne de vaca contaminada quando tinha apenas 23 meses.
As outras crianças que consumiram o mesmo produto desenvolveram síndrome hemolítica-urémica (SHU), que é caracterizada por insuficiência renal progressiva. Nolan foi o único a morrer.
Os hambúrgueres contaminados eram fabricados pela SEB, empresa com a qual a cadeia de supermercados quebrou o contrato, ainda em 2011, ano em que as crianças foram intoxicadas com a bactéria E. Coli.
Cadeia de supermercados vai prestar apoio à família
Em fevereiro, um antigo gerente da empresa SEB, fornecedora dos hambúrgueres que estiveram na origem da intoxicação, Guy Lamorlette, agora com 78 anos, foi condenado, em sede de recurso, a três anos de prisão e ao pagamento de uma multa de 50 mil euros. O advogado do ex-responsável pela empresa admitiu a possibilidade de recorrer da sentença.
Com a morte da criança, a advogada da família espera que a defesa de Lamorlette aceite a sentença. Florence Rault disse que “os pais de Nolan esperam que um dia venham a merecer decência e compaixão” e que Lamorlett “assuma, finalmente, as suas responsabilidades”.
De acordo com a advogada, os pais de Nolan Moittie estão “desesperados e em miséria extrema”, uma vez que tiveram de acumular “muitas dívidas para apoiar” o filho e afora “não têm dinheiro para as despesas do funeral”.
Entretanto o Lidl francês fez saber que vai apoiar a família da criança através de uma mensagem na rede social Twitter.
C/ Dn.pt