A extrema direita está a avançar de forma desenfreada no Brasil, que já é o país do mundo com mais células. De acordo com o jornal O Globo, os dados foram revelados pela Ong Anti-Defamation League (ADL) e mostram o crescimento de grupos de extrema direita, concentrados, conforme monitoramento do Observatório da Extrema Direita (formado por acadêmicos de mais de 10 universidades brasileiras e de outros países) e da pesquisa da professora Adriana Dias da Universidade de Campinas, feitas nas principais capitais.
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São Paulo é o estado com maior presença de grupos, chegando a 137, dos quais 51 estão na capital. Também foram encontradas células de extrema direita em Piracicaba, Campinas, Ribeirão Preto e São Carlos. Em todo o país, já são mais de 530 células extremistas que, em relatório feito nos primeiros meses deste ano, Adriana dividiu em categorias, de acordo com suas ideologias, como Hitlerista/Nazista, Negação do Holocausto, Ultranacionalista Branco, Radical Catolicismo, Fascismo, Supremacista, Criatividade Brasil, Masculinismo Supremacia Misógina e Neo-Paganismo racista. Em 2019, a especialista detectou 334 células.
No Rio de Janeiro, foram encontrados 36 grupos, 15 deles na capital. Entre os bairros cariocas com maior presença de células de extrema-direita estão Méier, Tijuca e Copacabana. Em Niterói, os pesquisadores identificaram outros dois grupos. Um deles se apresenta como Cali, e foi responsável pelo ataque à produtora do grupo de humor Porta dos Fundos, em 2019.
“Desde 2018, o Brasil se transformou no país com maior crescimento de grupos de extrema direita. Este fenômeno tem a ver com a eleição de Jair Bolsonaro que, num nível subterrâneo, está vinculado a estas ideologias. Hoje, estima-se que 15% dos brasileiros são de extrema direita”, afirma Michel Gherman, membro do Observatório da Extrema Direita, professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenador do Instituto Brasil-Israel.
Antes da reportagem divulgada este domingo, o mesmo jornal já tinha divulgado uma outra notícia, no dia 10 de janeiro, em que afirmava que, sob a presidência de Jair Bolsonaro a extrema-direita se radicalizou no país, mas não se transformou em um partido político. A nível mundial, regista-se também um crescimento na Alemanha, Reino Unido, Itália e EUA.
Os novos movimentos são digitais, ou seja, resultam das comunidades formadas em ambientes digitais ou encontram online os seguidores e aderentes de que precisam. São alimentados, na sua grande maioria, por digitalmente por informações, frequentemente falsas ou parciais, para o reforço de pontos de vista e a construção de convicções extremadas.
C/Revistacult.uol.com.br