Alex Saab, o “enviado especial” da Venezuela detido em Cabo Verde quando o avião em que seguia para o Irão fez escala técnica na ilha do Sal – e mais tarde extraditado para os Estados Unidos, foi libertado ontem em troca de prisioneiros norte-americanos encarcerados na Venezuela. A notícia vem estampada em vários jornais, segundo os quais o Presidente Nicolás Maduro aceitou soltar 10 cidadãos norte-americanos e um fugitivo e mais 21 presos políticos, incluindo sindicalistas e opositores ao regime. Este último grupo já se encontra livre.
Entre os libertados norte-americanos encontram-se os antigos militares Luke Denman e Airan Berry, que estiveram envolvidos numa tentativa de destituição de Maduro em 2019.
Este é visto como a maior libertação de prisioneiros norte-amercanos desde outubro de 2022, quando sete cidadaos dos EUA foram libertos por Caracas. Este novo acordo promete melhorar as relações diplomáticas entre os Estados Unidos e Venezuela
A anteceder este episódio, foram arquivados pelo Tribunal Federal de Miami dois registos que constavam do processo-crime contra Saab, medida que, segundo a agencia Associated Press, indicava um possível acordo de bastidores.
Ontem, Nicolás Maduro recebeu Alex Saab e enalteceu a capacidade de resistência do empresário colombiano nacionalizado venezuelano, que esteve preso 1.280 dias em Cabo Verde e nos Estados Unidos. Segundo Maduro, após todo este tempo de sequestro e torturas física e psicológica, a verdade e a justiça triunfaram. “Eu sabia que este dia tinha de chegar, e chegou”, disse o Chefe de Estado da Venezuela, que disse esperar por uma nova fase no relacionamento entre Washington e Caracas a partir de agora, marcado pelo respeito mútuo.
Maduro elogiou o sistema político Venezuelano e assegurou que o seu país não será colónia de ninguém. “Somos orgulhosos bolivarianos, dignos e rebeldes”, afirmou Maduro, para quem não há nenhuma prova contra Saab. Aliás, descreve o diplomata como um “homem corajoso, cujo único crime foi procurar vencer as sanções impostas à Venezuela para ir buscar medicamentos para o povo venezuelano.
Alex Saab considerou, por seu lado, que a vida é um milagre constante, como testemunha a sua libertação. Ele que agradeceu ao Presidente Maduro, à Primeira-dama da Venezuela e à sua própria esposa. Salientou que continua a ter orgulho em servir o povo venezuelano e ao Governo liderado por Nicolás Maduro, um governo que ele considera “humano, leal, que não abandona e nunca desiste”.
Alex Saab, recorde-se, foi preso na ilha do Sal a 12 de junho de 2020 quando o avião em que seguia para o Irão fez escala técnica. Após um conturbado processo judicial foi extraditado para os Estados Unidos em 2021 para responder pelos supostos crimes de branqueamento de capitais e lavagem de dinheiro. A sua detenção foi sempre contestada por Venezuela, que descreveu esse acto como ilegal pelo facto de Saab deter passaporte diplomático.
Saab foi extraditado em outubro de 2021 após os tribunais cabo-verdianos terem recusado vários recursos e ignorado o seu estatuto de diplomático venezuelano. A própria ONU, através da Relatora Especial Alena Douhan, chegou a exigir aos Estados Unidos a libertação do prisioneiro por considerar que se tratava de uma detenção irregular.