A Organização Internacional do Trabalho voltou a rever em alta o impacto da pandemia do Covid19. De acordo com a OIT, o mundo perde o equivalente a 365 milhões de empregos, nove milhões nos países da Europa do Sul.
Os países do sul da Europa vão enfrentar o segundo pior impacto em termos de perdas no mercado de trabalho, com uma redução de 15,9% na atividade dos trabalhadores projetada pela Organização Internacional do Trabalho esta quarta-feira. A perda equivale a nove milhões de postos de trabalho a tempo completo, contabilizados em 40 horas semanais, em linha como o padrão europeu de horários de trabalho.
Pela segunda vez, a OIT atualizou estimativas de perdas no mercado do trabalho. O primeiro cenário antecipava 25 milhões de desempregados em todo o mundo, revisto pouco depois para a projeção de perda do equivalente a 195 milhões de postos de trabalho. Agora, a revisão agrava ainda mais o quadro. Ao todo, o mundo enfrenta ao longo do segundo trimestre um corte equivalente a 365 milhões de empregos.
A Oriente, a China está a regressar à atividade, o que reduziu ao longo das últimas duas semanas a estimativa de percentagem de trabalhadores que em todo o mundo sofrem impacto da pandemia de 81% para 68% nos cálculos da OIT. Ainda assim, há países a impor novas medidas de confinamento, ou a estendê-las, o que limita a queda deste indicador.
A pior quebra no trabalho afeta os países da América do Norte, os Estados Unidos e Canadá. A estimativa é de perda de 16,2%, o equivalente a 27 milhões de postos de trabalho ao longo segundo trimestre. Na verdade, este novo balanço aponta a um número apenas pouco acima dos mais de 26 milhões de pedidos de desemprego que se acumulavam só nos EUA ao longo das últimas cinco semanas e até à última quarta-feira.
Na Europa, mesmo num momento em que muitos países iniciam o caminho para a reabertura económica, as projeções da OIT para os efeitos previsíveis no segundo trimestre veem dados agravados. A Europa ocidental deverá ter um corte de 11,9% no mercado de trabalho e o norte da Europa uma quebra de 11,7%, com os países meridionais – também os mais afetados pela pandemia, nos casos de Espanha e Itália – a perderem 15,9% das horas trabalhadas.
No conjunto, os países europeus deverão ver o emprego afundar no equivalente a 25 milhões de postos de trabalho de abril ao final de junho, aos quais se soma um efeito equivalente a uma perda de cinco milhões de empregos ao longo do primeiro trimestre. No sul, as contas para a primeira metade do ano apontam a 11 milhões de postos de trabalho em horário completo em inatividade.
Os cálculos da OIT prevêem decréscimos nas horas trabalhadas, e não subidas efetivas no desemprego, que poderão ou não efetivar-se. A razão é que em muitos casos há trabalhadores que estão a ter horários reduzidos ou suspensos, e não necessariamente perda do posto de trabalho para já.
Mas, a organização também chama nesta atualização de previsões a atenção para a situação daqueles que não têm quaisquer vínculos formais de trabalho. Estes não contam para os números oficiais de desemprego dos países e tão-pouco têm acesso a apoios. Serão dois mil milhões, dos quais 1,6 mil milhões estão em risco de ficar sem sustento e sem cobertura dos Estados devido à pandemia. É metade da força de trabalho global, sublinha bastante a OIT.
“À medida que a pandemia e a crise de desemprego evoluem, a necessidade de proteger os mais vulneráveis torna-se ainda mais urgente”, apela o diretor-geral, Guy Ryder. A estratégia dos países deve ser a de criarem políticas e instituições de emprego mais fortes, sistema de proteção social mais integrados e com mais recursos, além do que a cooperação internacional possa trazer em termos de alívio de dívidas e pacotes de estímulo.
Fonte: DN:PT