Sara Furtado, a mãe do recém-nascido abandonado num caixote do lixo na zona de Santa Apolónia, em Lisboa, foi hoje condenada a nove anos de prisão pelo crime de tentativa de homicídio qualificado. O tribunal considerou que a arguida tinha intenção de pôr termo à vida do filho.
De acordo com a RTP, o Ministério Público afirmou que Sara, acusada de tentativa de homicídio qualificado, actuou de forma premeditada, tendo escondido a gravidez da família, do namorado e de outros sem-abrigo que, como ela, viviam em tendas junto a uma discoteca em Santa Apolónia.
Em 7 de outubro, o MP pediu “uma pena de prisão não inferior a 12 anos”, alegando que, depois de ter sido encontrado o bebé, a arguida “não quis saber” e “não demonstrou arrependimento”. Disse ainda que a arguida tem uma personalidade “desconforme” e não demostrou pena pela situação, mas a confissão e o fator idade (22 anos) deviam ser levados em conta pelo tribunal.
Já para a defesa, em causa estava um crime de infanticídio (quando a mulher mata o recém-nascido que deu à luz durante ou após o parto, estando ainda sob a sua influência perturbadora) na forma tentada.
De acordo com a advogada Rute Alexandra, Sara Furtado – que estava em prisão preventiva – deveria ser sujeita a uma pena de “prisão mínima”, uma vez que confessou os factos, teve consultas de psiquiatria e está a aprender uma profissão.
Recorde-se que as autoridades receberam na tarde do dia 5 de novembro de 2019 o alerta a propósito de um recém-nascido encontrado num caixote do lixo na Avenida Infante D. Henrique, perto da estação fluvial.
Foi encontrado por um sem-abrigo, ainda com vestígios do cordão umbilical e transportado ao Hospital Dona Estefânia. Mais tarde foi transferido para a Maternidade Alfredo da Costa por não carecer de cuidados médicos.