O diretor-geral da Polícia Federal do Brasil, Maurício Leite Valeixo, foi exonerado do cargo “a pedido”, segundo decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, e publicado no “Diário Oficial da União” esta sexta-feira, 24. A imprensa brasileira tinha noticiado ontem que Moro havia dito ao presidente que pediria demissão se Valeixo fosse demitido mas, oficialmente, o ministério da Justiça nega que a intenção tenha se concretizado.
Questionado por apoiadores, Bolsonaro optou por não responder. Entretanto, pelo menos por enquanto ainda não foi nomeado um substituto para o comando da PF. Mas alguns nomes começam a ser apontados, entre os quais Alexandre Ramagem, director-geral da Agência Brasileira de Inteligência, Anderson Torres, secretário de segurança pública do DF e Fabio Bordignon,diretor-geral do Departamento Penitenciário Nacional.
O portal da Globo diz que questionou o Palácio do Planalto e o Ministério da Justiça sobre o motivo para a exoneração de Valeixo, mas não obteve resposta. Escreve no entanto que Bolsonaro avisou a Moro que substituiria o diretor-geral da PF numa reunião às 9h de quinta-feira e este resistiu.
A intenção, segundo deste site, seria colocar na PF um nome próximo do presidente. O atual diretor-geral é visto como o braço direito de Sergio Moro na pasta. Com a troca, espera-se que o sucessor não teria um perfil similar. Valeixo foi superintendente da PF no Paraná durante a operação Lava Jato, quando Moro era juiz federal responsável pelos processos da operação na primeira instância. O ministro anunciou a sua escolha em novembro de 2018, antes mesmo da posse do governo Bolsonaro.
Ao escolher Moro para o cargo, em 2018, Bolsonaro prometeu “carta-branca” para que o trabalho do ministro não sofresse interferências, o que nunca aconteceu. Em agosto de 2019, Bolsonaro havia feito uma primeira tentativa de trocar o comando da PF, depois de a corporação resistir a uma substituição na superintendência do Rio de Janeiro, que chegou a ser anunciada pelo presidente, mas não foi concretizada.
Na ocasião, Bolsonaro disse que “Valeixo é subordinado a mim, não ao ministro, deixar bem claro isso aí. Eu é que indico, está na lei, o diretor-geral.”
No Palácio do Planalto, ministros da área militar reuniram ontem para avaliar se a saída de Valeixo pode dar a impressão de que o presidente da República deseja interferir na Polícia Federal. Questionado, o chefe da Casa Civil, Braga Netto optou apenas por dizer que a assessoria do ministro Sérgio Moro desmentiu a sua saída agora do Governo.