O atentado a bomba cometido por um homem em Brasília na última quarta-feira está sendo investigado pela Polícia Federal como possível atentado contra o Estado Democrático de Direito e também como um possível ato terrorista. O homem, que carregava explosivos, morreu depois de tentar entrar no edifício do Supremo Tribunal. O ”ataque” fracassado ocorreu a poucos dias de uma cimeira do G20 no Rio de Janeiro, na próxima semana.
Na noite de quarta, Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, morreu após disparar uma série de explosivos em frente ao STJ e detonado um deles junto ao corpo. As duas explosões aconteceram por volta das 19h30 e não causaram nenhum dano, mas o edifício foi evacuado por questão de segurança.
Dados preliminares da investigação indicam que o suspeito, dono do carro que explodiu e que depois morreu à frente do Supremo, era Francisco Wanderley Luiz, um antigo candidato a vereador em 2020 pelas cores do partido de extrema-direita de Jair Bolsonaro, então no poder.
Embora não seja possível processar criminalmente alguém que já morreu, a definição de qual crime foi cometido é importante por vários motivos, entre eles a possibilidade de haver outras pessoas ou grupos envolvidos, algo que a PF não descarta.
A discussão sobre se o ato foi ou não um ato terrorista, no entanto, é algo que vai muito além do direito: se tornou uma disputa política. Jair Bolsonaro foi rapidamente às redes para chamar o episódio de “caso isolado” e “ao que tudo indica causado por perturbações na saúde mental da pessoa”.
O ministro Alexandre de Moraes afirmou no início de uma sessão no STF na quinta, 14, que não poderia deixar de lamentar a mediocridade de pessoas que continuam querendo banalizar um gravíssimo ato terrorista. “Alguém que coloca na cintura artefatos para explodir pessoas é considerado um terrorista. Então, lamento essa mediocridade das pessoas que, por questões ideológicas, querem banalizar o absurdo dizendo que foi um mero suicídio”, afirmou.
Moraes já havia dito, na manhã de quinta-feira, que o atentado não era um fato isolado e que faz parte de um contexto que começou com o “gabinete do ódio” — como ficou conhecido um grupo no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro que, segundo investigação da PF, era responsável por espalhar desinformação.
C/Agências