Uma em cada 10 pessoas no mundo vive sem eletricidade, a maioria na África subsaariana revela um estudo divulgado hoje, que alerta ainda que a tendência é para uma diminuição muito lenta. Esta análise é feita por cincp agências internacionais: Agência Internacional de Energia, a Agência internacional de Energias Renováveis, o Banco Mundial, a Organização Mundial de Saúde e a Unidade de Estatísticas das Nações Unidas.
Segundo o estudo, 11% da população mundial continua a não ter acesso a eletricidade, apesar dos avanços dos últimos anos, percentagem que representa cerca de 770 milhões de pessoas. A taxa de eletrificação global, indica, atingiu 89%, com 153 milhões de pessoas a conseguirem ter acesso a eletricidade.
Apesar de a tendência ser de diminuição do número de pessoas sem acesso a energia elétrica, as organizações concluíram que o problema será difícil de resolver, pelo que esperam que em 2030, a quantidade de pessoas sem este bem ainda se fique pelos 650 milhões.
Para a Agência Internacional de Energia (AIE), o número de pessoas sem eletricidade diminuiu de 1,2 mil milhões em 2010 para mil milhões em 2016 e 840 milhões no ano seguinte. Esta evolução foi conseguida sobretudo graças aos progressos em países como a Índia, o Bangladesh, o Quénia e Myanmar.
No entanto, avisa a AIE, este número não terá uma redução mais séria se não forem adotadas mais ações sustentáveis até 2030, ano de referência para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, fixado pela ONU. Nessa altura, estimam as organizações no relatório, o número de pessoas sem eletricidade será de 650 milhões, sendo que nove em cada 10 estarão na África subsaariana.
Aliás, o maior desafio está nesta região, admitem as organizações, lembrando que, em 2017, 573 milhões de pessoas da África subsaariana não tinham acesso a eletricidade. Por outro lado, cerca de três mil milhões de pessoas não têm energia limpa para cozinhar, com pessoas a usar ainda lenha ou carvão, contribuindo para prejudicar a saúde, o meio ambiente e a igualdade de género.
De acordo com os autores do estudo, esse número passará para 2,2 mil milhões em 2030 e, mais uma vez, o problema continuará a centrar-se sobretudo na África subsaariana, embora também afete particularmente a Ásia. “Os progressos são muito lentos para que se consiga atingir o objetivo de acesso universal (de energia limpa para cozinhar) até 2030”, reconheceu uma diretora da Organização Mundial de Saúde, Maria Neira.
Defende, por isso, que sejam adoptadas “ações direcionadas” para evitar cerca de quatro milhões de mortes/ano, devido a pneumonia, doenças cardíacas, AVC, doenças pulmonares e cancro causados pela poluição.
C/Correio da Manhã