Os hotéis de São Vicente já estão a sentir o impacto da pandemia Covid -19, que levou ao encerramento das ligações com a Europa, o principal mercado emissor de turistas para a ilha, conforme o Mindelinsite pôde confirmar numa ronda pelas principais unidades de alojamento turísticos do Mindelo. As taxas de ocupação estão a despencar com o cancelamento de reservas individuais e de grupos. E as previsões para o mês de abril são “catastróficas”, o que levou a uma reunião ontem entre os operadores e a Câmara do Comércio de Barlavento (CCB).
Virna Ramos, directora do Oásis Porto Grande, confessa que, nesta fase, os efeitos do coronavírus estão a ser sentidos através do cancelamento de reservas, a título individual e de grupos, para o restante mês de março e abril. “Ainda não estamos em situação preocupante. Aliás, estamos com uma boa taxa de ocupação, isto é, acima dos 60 por cento. Mas, a nível da direcção, já estamos a considerar os cenários resultantes do prolongamento da pandemia. Temos de estar preparados para quando o vírus chegar a Cabo Verde. Não vejo como fugir disso tendo em conta que o nosso principal mercado emissor é a Europa, que está fortemente afectada pelo Covid-19.”
Enquanto isso, diz esta responsável, resolveram adoptar algumas medidas preventivas, nomeadamente reforçando a limpeza e higienização dos espaços, bem como o cancelamento de alguns espectáculos, na sequência da decisão anunciada ontem pelo Ministério da Cultura de das Indústrias Criativas de encerrar todos os espaços culturais do Estado e suspender toda a sua programação cultural. “Da nossa programação constava um espectáculo promovido pela Serenata Produções, no dia 21, que foi cancelado. Paralelamente, a direcção do hotel promoveu uma formação e senbilização. Temos disponibilizado álcool-gel para a recepção, cozinha, etc.”
Para Alexandre Novais, do Praza 3, a situação é catastrófica para este sector, que não tem para onde ir. No caso do seu empreendimento, por exemplo, os cancelamentos abarcam o restante mês de março mas, principalmente, abril. “Por enquanto, ainda estamos a receber um ou outro hóspede, mas abril está completamente cancelado. A nível da direcção ficamos preocupados em receber turistas neste momento porque temos os nossos recepcionistas, que são a primeira linha e estão expostos. Se chegar um casal de turistas de Madrid neste momento como é que o vamos receber?” Indica este hoteleiro, que diz não estar a vontade com esta situação.
Tentamos ouvir ainda as direcções do hotéis MindelHotel e do Foya Branca, mas tal não foi possível. Entretanto, a preocupação é neste momento generalizada. Tanto assim é que ontem os operadores turísticos de S. Vicente tiveram duas reuniões, sendo a primeira com a Câmara do Comércio de Barlavento e o segundo com o Conselho Superior das Câmaras do Comércio. O objectivo, ao que conseguimos apurar, foi articular uma posição comum para expressar junto do Governo. “Vamos articular porque toda a gente tem de dar a sua contribuição. Só assim poderemos aguentar. A situação é deveras complicada e, neste momento, não sabemos para onde vamos e até quando vai persistir”, diz uma fonte ouvida por Mindelinsite.
Situação no Sal preocupa Câmara de Turismo
A nível da ilha do Sal, de acordo com o presidente da Câmara do Turismo de Cabo Verde, ontem realizaram um encontro com a Direcção-Geral do Turismo, a Delegacia de Saúde e os hoteleiros, que deverá ser repetida esta terça-feira na ilha da Boa Vista. “Estamos a seguir todas as directrizes do Governo. A ideia destes encontros é passar informações relativas ao desenvolvimento do Plano de Contingência em todas as empresas de uma forma geral,” refere.
Instado sobre o impacto do Covid no sector hoteleiro salense, Gualberto do Rosario confirma que a procura está a diminuir. “O nosso principal mercado emissor de turistas é a Europa e o único país que continua aberto é o Reino Unido. Isto está a ter um impacto tremendo no Sal, tendo em conta que o Reino Unido detém apenas 19% do nosso mercado”, esclarece o presidente da Câmara de Turismo, que assenta esta sua analise nos cancelamentos de reservas nas diversas unidades hoteleiras. “Acredito que a taxa de ocupação vai reduzir e ainda no decurso do mês de março e vai despencar em abril.”
De referir que estas previsões foram feitas antes do anuncio das medidas excepcionais ao Plano de Contingência, que decidiu a meio da manhã de ontem interditar as ligações aéreas, com efeito a partir desta quarta-feira, com Portugal e todos os países europeus assinalados com epidemia de Covid-19, e ainda com os Estados Unidos, Brasil, Senegal e Nigéria. Esta interdição vigora por um período de três semanas. De fora ficam apenas os voos cargueiros e os de regresso de cidadãos em férias ou em serviço no arquipélago aos seus países de origem ou de residência.
Constânça de Pina
Pessoalmente , contactados os clientes com reservas e explicar a situaçao, dar mos alternativas..a maioria alterou as reservas para junho ou julho…mes de abril fechados….fazer manutençao, dar ferias etc..