A TACV realizou 76 voos e transportou 3.920 passageiros de 22 de abril a 5 de maio durante o período das Festas de Nhô São Filipe, celebradas na ilha do Fogo. Em nota, a companhia revela que, ao longo de 14 dias de operação, alcançou uma média de 5 voos por dia, o que representa cerca de 38 viagens por semana, com um índice de 86% de pontualidade. Comparados com o mesmo período de 2024, esses números representam um crescimento de 31% das ligações e 32% no número de passageiros transportados para Fogo, com a acentuada procura durante as referidas festividades.
Estes dados foram remetidos à imprensa ontem pela transportadora aérea, dia em que os pilotos anunciaram a intenção de partirem para uma greve nacional de 5 dias, a partir de 22 de maio. Esta medida, segundo o sindicato da classe, foi tomada após uma “análise cuidadosa” da situação prevalecente na empresa, especialmente em relação ao facto de o Conselho de Administração e o Governo terem ignorado os reiterados apelos para a resolução dos acordos firmados em sede de concertação social. Acordos esses que visavam resolver situações pendentes.
O presidente do Sindicato Nacional dos Pilotos da Aviação Civil destaca a regularização do cancelamento das consultas médicas, a eliminação do seguro de vida e de acidentes pessoais, a inexistência do programa de segurança, proteção da saúde e higiene no trabalho. Ainda enumera a tomada de decisões técnicas-administrativas que afectam directamente a função dos pilotos, progressões em atraso e incumprimento nos pagamentos dos suplementos remuneratórios, designadamente subsídio de voo, o que desrespeita sentença judicial proferida.
Esgotadas “todas as vias e possibilidades de diálogo”, Edmilson Aguiar, presidente do SNPAC, disse ontem que ficou decidido na última assembleia-geral extraordinária do sindicato a realização de uma greve dos pilotos da TACV.
Entretanto, o PCA da companhia aérea reagiu com surpresa ao anúncio da greve. Em conferência de imprensa, Pedro Barros rejeitou a acusação de falta de diálogo e assegurou a intenção da companhia de evitar a paralisação dos pilotos. Mas, a acontecer, garantiu que os passageiros não serão prejudicados.
No tocante aos pontos elencados pelo SNPAC, o administrador da TACV assegurou que a empresa sempre mostrou disponibilidade para resolver as pendências laborais, algumas das quais acumuladas ao longo dos anos. Enfatizou, no entanto, que certas coisas não são resolvidas de um dia para outro, como, exemplificou, a progressão na carreira, que, diz, está suspensa desde 2020. “Não é de um momento para outro que vamos retomar a progressão. E mais – posso dizer aqui sem nenhuma hesitação –, todo o mundo sabe que a TACV tem uma situação financeira crítica e funciona com o apoio do governo. E progressão significa aumento salarial”, ilustrou o PCA. Pedro Barros adiantou que no ano passado houve uma progressão só dos pilotos em 2,5%, que já tinha sido discutida e acordada com o Governo. Deixou claro que não está no horizonte imediato da gestão fazer nova progressão.
Pedro Barros reconhece haver constrangimentos pontuais, como o serviço de catering em Santiago e S. Vicente, problema que, diz, resulta da dependência de uma empresa portuguesa. Avançou, entretanto, que já decorrem negociações com a escola de hotelaria e turismo para a resolução dos problemas, mas que isto leva o seu tempo.
Quanto aos subsídios e outros complementos salariais, o gestor garante que a empresa tem estado a pagar. Enalteceu, aliás, o facto de a companhia estar a cumprir com algo sagrado, que é o pagamento atempado dos salários de mais de 200 chefes de família.