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Sem receber os 35% do INPS, operárias da Atunlo pedem para trabalhar

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Cerca de metade das operárias da Atunlo Cabo Verde, suspensas desde que foi decretado o primeiro estado de emergência, concentrou-se na manhã de hoje na entrada do Porto Grande na expectativa de poderem começar a trabalhar. Mas, para a sua infelicidade, foram informadas para só voltarem no próximo mês de Julho. Alegam que, apesar da garantia de que iriam auferir 70% do salário, até agora receberam apenas 35%, pagos pela Atunlo, pouco mais de quatro mil escudos, montante  que consideram manifestamente insuficiente para cobrir as suas necessidades básicas. “Como é que vamos pagar aluguer e dar de comer aos nossos filhos?”, interrogam. 

Com máscaras e mantendo o distanciamento recomendados pelas autoridades, os operários – 30 mulheres e dois homens – aguardavam com impaciência, na entrada do Porto Grande, uma decisão da empresa para saber quando poderão começar a trabalhar. Mas a resposta caiu como uma bomba. “A informação que nos deram é vamos continuar suspensos. Disseram-nos para ir para casa e só voltar a 02 de julho. Mas é complicado porque, até agora, recebemos apenas 35% do nosso salário, ou seja, 4.850 escudos. Com esta quantia não dá para pagar o aluguer e alimentar os nossos filhos”, explicou a porta-voz do grupo de trabalhadores, realçando que o acordado, anteriormente, era o regresso ao trabalho hoje, 04 de maio.

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Estes trabalhadores admitem continuar suspensos, mas pedem para a empresa analisar a sua situação porquanto, dizem, para além de estarem a receber apenas 35% do salário em casa, perderam o premio de produtividade de oito mil escudos. Por outro lado, também não estão a receber o subsidio de compensação de cinco mil escudos atribuído aos que ficaram. “Até o momento, o único valor que recebemos foi os 35% do salário pago pela empresa. Já procuramos o INPS, mas limitaram a nos informar que estão a fazer o processamento. Como vamos conseguir aguentar com este montante irrisório em casa? Temos aluguer para pagar, filhos para alimentar. Enfim, temos a nossa vida. Sem a totalidade do salário mas, principalmente, sem o premio de produtividade, que já incorporamos nos nossos proventos, fica muito difícil. Alguém tem de olhar por nós”, desabafa. 

No caso da porta-voz do grupo, esta conta que paga dez mil escudos de aluguer, pelo que neste momento está apenas a sobreviver. “Infelizmente, optei por não pagar o aluguer e alimentar os meus filhos. Mas o proprietário não vai esperar eternamente, ou então até o mês de Julho. Tenho de resolver esta situação porque posso ser despejada. Não vou conseguir manter os meus filhos muito mais tempo com apenas 4.850 escudos”, lamenta.

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Quanto aos colegas que estão a trabalhar, para além de estarem a receber a totalidade do salário, estão a usufruir ainda do prémio de produtividade e do bônus de cinco mil escudos. “Penso que, o ideal seria metade dos trabalhadores trabalharem um mês e depois serem substituídos pelos que estiveram em casa. Aliás, chegamos a apresentar uma proposta neste sentido, que foi recusada. Limitaram a afixar uma lista dos suspensos, sem especificar os critérios que determinaram a escolha. Mesmo assim cumprimos.”

Prejuízos 

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Estes trabalhadores alegam que estão a ser claramente prejudicados porque estão a perder receitas porque os salários foram reduzidos e perderam o prémio de produtividades. “Queremos trabalhar. Não estamos a pedir nada de graça. Penso que, nesta altura, a empresa deveria optar pela rotatividade dos operários para proporcionar igualdade de oportunidade a todos os operários da Atunlo. Ou então, nos compensar de alguma foram. Até julho não vamos conseguir viver com apenas 4.850 escudos. Nem chega ao montante da pensão social atribuída pela Previdência Social”, completa. 

Enviamos, via email, algumas questões para a empresa mas, até a publicação desta noticia, não tivemos feetbck, pelo que prometemos retomar o assunto, logo que tivermos alguma resposta.

Constança de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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