O consultor Edério Almada defendeu hoje a necessidade de haver uma vontade política assumida para provocar uma melhoria substancial na área da investigação marinha devido a importância dessa actividade na economia azul e, em particular, no sector turístico. Durante um atelier de socialização do Plano Estratégico de Investigação Marinha 2023-2030, defendeu que Cabo Verde deve potenciar as parcerias estabelecidas com instituições como a Escola do Mar, a Geomar, a FAO, o PNUD e o próprio Centro Oceanográfico, que, nas suas palavras, pode ajudar na internacionalização do conhecimento científico produzido no arquipélago.
Segundo o especialista, as ameaças à investigação científica marinha sempre foram as mesmas em Cabo Verde, como falta de recursos humanos e financeiros em qualidade e quantidade, a fuga de técnicos para outras áreas do saber, a fraca motivação dos profissionais. “Além disso, a investigação, em termos oficiais, ainda não é considerada uma ferramenta de interesse nacional”, concluiu Edério Almada durante a sua intervenção esta manhã, para quem o país ainda não dispõe de um sistema de investigação haliêutica. Salienta que este objectivo pode provavelmente ser alcançado com a operacionalização dos vários projectos elaborados.
As forças, oportunidades, fraquezas e ameaças no campo investigativo já estão identificadas, pelo que, para Almada, o país precisa saber para onde vai, com uma visão clara e ambiciosa. Neste sentido, entende que será preciso analisar e potencializar as forças e oportunidades, debelar as fraquezas e ter atenção às ameaças. Quanto à visão, diz, é transformar Cabo Verde numa referência em investigação cientifica marinha a nível regional e internacional. Algo que, enfatiza, vai exigir muito trabalho.
A par dessa visão, diz, estão os objectivos estratégicos, que são quatro: definir as linhas de investigação baseadas em necessidades no contexto nacional – “estamos a falar de uma invstifação aplicada”; produzir informação científica fidedigna e contextualizada com as necessidades; aplicar um uso sustentável dos oceanos e recursos marinhos – “não há desenvolvimento sem conservação” -; aumentar o conhecimento científico e desenvolver as capacidades de pesquisa e transferência tecnológica.
Segundo Albertino Martins, presidente do IMar, o referido plano é integrador, alinhado com o programa do Governo, o PEDS 2, o plano de estatística pesqueira e a Agenda 20-30. Assegura que se trata de um documento abrangente, que apresenta várias linhas estratégicas, pilares e eixos de investigação para poder responder às questões candentes da procura do conhecimento sobre os recursos marinhos em C. Verde.
“Hoje estamos a experimentar fenómenos de mudanças climáticas que imprimem uma certa dinâmica aos recursos e temos de dar respostas consequentes aplicadas ao desenvolvimento de Cabo Verde, como fazer prospeções alternativas à pesca extrativa, no caso a aquacultura”, enalteceu o responsavel do referido instituito.
Albertino Martins enfatizou que o país não poderá desenvolver a economia azul sem dispor de uma boa base de investigação científica. Só deste modo, diz, será possível apurar o que existe e adotar prátias de exploração sustentável dos recursos. Deixou claro, no entanto, que a investigação cientifica é um processo caro, ainda mais quando se fala da investigação marinha.
