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Padarias de São Vicente fixam preço definitivo do pão em 25 escudos 

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Algumas padarias de São Vicente, que há vários dias vinham segurando para não aumentar de forma descontrolado o preço do pão, decidiram fixar o valor unitário em 25 escudos desde o inicio da manhã desta quarta-feira. Dizem que esta é a única forma de não continuarem a acumular prejuízos, tendo em conta o aumento do preço do saco da farinha de trigo de 50 kg para 4.100 escudos, não obstante a decisão de aplicar um ligeiro desconto para a industria panificadora.

Numa breve ronda por lojas, mercearias e mini-mercados foi possível constatar que o pão carcaça,  de trança, leite, coco ou custard custa 25 escudos a unidade. Outra constatação é que a bolacha de trigo quase que desapareceu das prateleiras, tendo em conta que ainda não foi definido o novo preço de uma bolsa de um quilo. “Confirmo que desde o início da manhã de hoje passamos a vender pão por 25 escudos unidade. Não tinha mais como manter o preço anterior”, diz Isa Matos, da Padaria Clássica.

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Esta responsável lembra que, hoje mesmo, foram novamente surpreendidos com o aumento dos preços dos combustíveis, que reflete directamente nos custos de produção do pão. “É mais um motivo para justificar este aumento, tendo em conta que utilizamos electricidade e combustível nos fornos. Mesmo com a ligeira descida do custo da farinha, era impossível manter os preços. Aliás, quando reajustamos o preço para 18 escudos, deveria ter sido 20”, pontua, acrescentando que a Padaria Clássica sequer está a produzir bolachas de trigo porque ainda não fizeram as contas para fixar um novo preço.

“Decidimos suspender a produção da bolacha de trigo e aguardar a resposta do mercado para retomar. Estou em sintonia com as demais padarias sobre esta situação. Infelizmente, no nosso caso, era impossível não actualizar os preços. Estamos há dias a acumular prejuízo porque estamos a comprar farinha mais caro, mas continuamos a vender o pão por 18 escudos”, pontua, dizendo esperar a compreensão das pessoas porque já não dava para segurar.

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Foi no início de janeiro, mais precisamente no dia 11 de Janeiro, que veio a notícia de que o Governo decidiu descontinuar a medida de compensação do tribo. A consequência foi o aumento imediato do saco de trigo de 25 kg de 1.445 para 2.300 escudos e, de 50kg, de 2.890 para 4.600 escudos. Imediatamente, algumas padarias aplicaram a percentagem do aumento, no preço final, mas a maioria manteve os valores anteriores, na expectativa de um recuo do governo. 

No dia 24, após negociação com a Moave e alguma articulação institucional entre departamentos do Governo, o ministro da Agricultura anunciou uma ligeira redução do saco de trigo, de 4.600 para 4.100. Com desconto para a indústria panificadora, o saco passou a custar 3.936 escudos. Gilberto Silva justificou com a escalada do do trigo a nível mundial, mas disse acreditar que este foi um preço abordável para fazer face a este choque internacional.

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“Chegamos a um preço abordável tendo em conta a conjuntura internacional, com uma escalada de preço a nível mundial, em que todos os países estão a sofrer”, disse o ministro, que deu conta de uma “tendência a nível internacional para alguma baixa”, mas que tal ainda não se verifica na prática.

Esta medida, disse o governante na altura, representa uma grande vantagem uma vez que, o novo preço do saco de farinha de trigo, ao entrar imediatamente em vigor, deve fazer baixar o preço do pão carcaça, um produto de base para as famílias. Uma medida, aliás que não depende da Moave nem do Governo, pois em Cabo Verde o preço do pão não é regulado, mas sim o seu peso.

“Com esta medida pensamos haver condições para que não haja uma escalada de preços do pão e que haja a livre concorrência a nível da indústria panificadora e que com base na concorrência possamos a ter os melhores preços”, sublinhou o Ministro, realçando que o Governo vai manter-se atento à subida dos preços, continuar a analisar e intervir lá onde for necessário para que o país possa assegurar que o sistema alimentar no seu todo, seja resiliente e consiga fazer face a este choque internacional.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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