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Economia

Ministro do Mar defende clima de cooperação com a Frescomar e Atunlo em vez de conflitos laborais e ameaças com “cheiro” a chantagem

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O ministro Abraão Vicente defendeu esta tarde que as fábricas Frescomar e Atunlo devem priorizar a relação de cooperação e não viverem num ambiente de conflitos laborais sazonais ou de ameaças que, às vezes, chegam a “cheirar” a chantagem, por causa da derrogação do acordo de pesca entre Cabo Verde e a União Europeia. O governante assegura que deixou esta mensagem com frontalidade nos encontros efectuados hoje com os responsáveis dessas duas fábricas de tratamento de pescado, para se inteirar do funcionamento do sector sob sua tutela, tendo enfatizado que o caminho a seguir é saber atacar os problemas da área das pescas no seu todo.

A seu ver, Cabo Verde tem estado ao longo dos anos a combater os males que afectam as pescas, mas sem ver o sistema de forma global. “Aqui apontamos S. Vicente como o centro logístico de uma plataforma internacional, com a Zona Económica Marítima Especial, mas temos de pensar todas as infraestruturas necessárias para que tudo funcione em conjunto”, apontou. Abraão Vicente especificou que está a falar da capacidade dos armadores nacionais de explorar o acordo de pesca com a União Europeia, mas também da capacidade de C. Verde de atrair frotas internacionais para descarga de pescado e da oferta de energia para alimentar os sistemas de frio.

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Outro aspecto fundamental, diz o ministro, é a necessidade de Cabo Verde assegurar a qualificação dos recursos humanos para trabalharem como tripulação dos navios de pesca, mas também para prestação de serviços em terra. “Há atuneiros que saíram de Cabo Verde por falta de tripulantes”, ilustra o governante, para quem Cabo Verde tem ainda um longo caminho a trilhar para se integrar como deve ser na indústria pesqueira mundial. Para isso acontecer, diz, o arquipélago precisa alavancar os segmentos semi-industrial e industrial dessa actividade, fortalecendo a intervenção dos armadores. Como enfatiza, a maior fraqueza desta classe empresarial é a falta de capacidade financeira para comprar atuneiros, e outros barcos, e servir unidades como a Frescomar e Atunlo, que trabalham com o atum.

Salientou, entretanto, que hoje foi anunciado, no plano de retoma no sector económico, um pacote de 300 mil contos, cabendo o máximo de 20 mil contos por empresa, e a comparticipação do Fundo de Apoio à Pesca até 20 por cento. Apesar desta “boa notícia”, entende que será provavelmente necessário ir mais além se o país quer colocar as pescas no patamar que merece.

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“Antes de falarmos na economia azul no seu todo temos de alavancar os sectores semi e industrial. É o velho cliché de que temos de nos voltar para o mar e isto implica, por exemplo, repensar a própria oferta universitária. Não podemos continuar a formar profissionais em áreas sem saídas profissionais em S. Vicente e noutras ilhas, quando temos barcos que não operam por falta de pessoal qualificado”, critica Vicente, que é peremptório em afirmar que Cabo Verde não tem estado a tirar o devido proveito da sua potencialidade no sector das pescas, que, lembra, chega a representar 80 por cento da exportação do país. Por esta razão, defende uma centralidade das pescas na economia nacional.

O país, adianta, tem cinco bancas de pesca e uma delas com sinais claros de estar a ser delapidada por barcos estrangeiros. Como diz, Cabo Verde tem o “ouro” localizado, que são esses pontos quentes de pesca, sabe o período do ano m que são invadidos por espécies de peixes comerciais, pelo que só resta “armar” os armadores com barcos adequados para explorarem essa riqueza.

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O ministro Abraão Vicente tirou esta tarde para se encontrar com as chefias das fábricas Frescomar e Atunlo. Amanhã ficou reservada para visitas ao Mercado de Peixe e a Policia Marítima em S. Vicente.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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