O empreendimento Mamiwata Eco Village é um dos destaques de uma grande reportagem sobre a ilha de Santo Antão e suas gentes, publicada na caderno Travel pelo jornal Financial Times. Trata-se de mais um projecto Ramos & Castellano Arquitetos, concretizado pela A3 Engenharia e Construção.
A reportagem intitulada “A ilha montanhosa da África Ocidental que é um paraíso para os caminhantes” começa por localizar Cabo Verde a cerca de 500 milhas do Senegal, para descrever os passos necessários para chegar Santo Antão, ilha sem aeroportos e com duas estradas principais: a estrada nova costeira de Porto Novo à Ribeira Grande e a “estrada velha” de paralelepípedos que une os mesmos pontos, mas serpenteia pelas montanhas.
Pelo caminho, escreve, muitas aldeias que só podem ser acessadas por caminhos de cabras. “Os moradores falam de magia com a mesma facilidade com que falam da seca que assola a ilha desde 2016, forçando muitos a emigrar. Dos que permanecem, muitos ganham a vida cultivando inhame, produzindo um potente aguardente chamado grogue (um tipo de rum de cana-de-açúcar) e criando cabras, muitas vezes em cavernas a meio caminho de penhascos vulcânicos íngremes”, descreve o jornal, realçando que esta paisagem é um presente para os caminhantes e amantes da natureza.
Mas centra-se sobretudo nas pessoas, mais precisamente no acolhimento e comportamento. Cita, a titulo de exemplo, Adrienne e Antonzinho, os melhores amigos de infância, que acomoda a equipa de reportagem e a presenteia com frutos frescos, e outros tantos que vai encontrando pelo caminho. Mas também um “homem vestido de guerreiro mandinga” que passa sacudindo o seu cajado encimado por uma caveira. “O Carnaval foi cancelado devido a Covid, mas é preciso mais do que um anúncio do governo para matar a vontade de um cabo-verdiano de se divertir”, diz.
Depois de uma breve pausa na Aldeia Mango e de uma passagem por um trapiche no Paul, a reportagem do Financial Time chega a Ribeira de Chã de Igreja, mais precisamente no Mamiwata, que descreve como o mais novo e ambicioso projecto de turismo sustentável da ilha de Santo Antão. “O hotel ainda em obras, possui uma horta e vinha biodinâmica e usa energia de seu próprio campo de painéis solares. São 20 cabines de pedra elegantes e afiadas, empoleiradas nas rochas da costa norte, com vista para o mar. Mamiwata estabelece um novo padrão de acomodações de luxo na ilha, embora as taxas comecem apenas em 100 euros por noite”.
Trata-se de um projecto do Ramos & Castelhano, um gabinete de arquitectura sediado em São Vicente e que tem se destacado com obras inovadoras, caso do Terra Lodje Hotel na cidade do Mindelo, Aquiles Hotel em São Pedro, Centro Nacional de Artesanato e Design em curso e agora do Maniwata.
A reportagem passa ainda pela trilha Cruzinha-Ponta do Sol, considerada extraordinária por caminhantes por ziguezaguear para cima e para baixo em pirâmides de rochas e praias negras, onde raras tartarugas cabeçudas depositam ovos, Chã da Morte, Babilónia, Lajedos e Tarrafal, última paragem. E termina chamando a atenção para a amabilidade das pessoas, a resiliência e o caracter irrepreensível, apesar das dificuldades e do aumento do custo de vida.
“A ilha de Santo Antão é certamente rica em montanhas e coração, mas não posso deixar de sentir que algum dinheiro não faria mal”, termina, não sem antes lembrar que actualmente o número de visitantes está 50% abaixo dos níveis pré-covid e que muitos guias e motoristas estão desempregados.
Reportagem completa: https://www.ft.com/content/eea9685a-3959-4c41-bfe5-e2fa644db88a?sharetype=blocked&fbclid=IwAR0JAGS0LTNR5npfOxGRJ3WNOmmOzraLAbU_ypigs4xnMms1aPOc_q9VXQc