Duas jovens mindelenses, de 30 e 26 anos, mas sem uma ocupação formal estão à procura de uma parceria para formar uma sociedade e abrir uma academia de estudos em São Vicente. Andreia Neves é técnica em extensão rural, enquanto Cíntia Rodrigues é licenciada em Ciências de Educação. Ambas têm a ambição de apoiar alunos do ensino básico nos estudos formais, mas sobretudo alargar os seus campos de conhecimento para as áreas sociais e ambientais, com visitas de terreno e contacto com realidades rurais.
Ao Mindelinsite, estas duas amigas contam que desde que concluíram a formação académica, nunca conseguiram um emprego formal. Andreia presta serviço como animadora técnica e social, sobretudo na área rural e com pessoas mais vulneráveis. Enquanto que Cíntia decidiu ser explicadora de alunos do ensino básico. “Das nossas conversas, percebemos que temos ideias similares sobre a educação formal e não formal. Então começamos a falar em montar um negócio. A minha amiga já deu o pontapé de saída ao receber alunos em sua casa, mas nada formal”, conta Andreia.
Mas, para transformar as suas ideias em um projecto sustentável, esta jovem afirma que precisam de firmar parcerias com pessoas ou instituições disponíveis para as ajudar a dar passos mais largos. “Gostaríamos de abrir um negócio na área da educação, mais precisamente uma academia de estudos onde, para além de ajudar as crianças com as matérias ministradas no ensino básico, iremos incutir-lhes o gosto pelo ambiente e meio rural”, diz esta técnica em extensão rural, mas que trabalha como animadora, social, sobretudo no meio rural com as famílias mais vulneráveis.
Já para Cíntia Rodrigues, que é formada em Ciências de Educação vertente Social, após candidatar por duas vezes e não conseguir entrar nos concursos de docência, esta seria uma oportunidade de alargar a sua área de actuação. Neste momento, diz, ministra explicação por conta própria em sua casa nos períodos de manhã e a tarde, mas poderia evoluir o seu campo de actuação para uma academia de estudos. “Tenho 12 alunos neste momento e a minha casa começa a ficar pequena para atender a demanda. Para além de ajudar estas crianças a acompanhar as matérias escolares, tento desenvolver com elas algumas actividades extracurriculares. Mas poderia fazer isso de uma forma mais organizada e consistente, no caso, na academia de estudos”, pontua.
Foi com este entendimento que estas duas jovens começaram a avaliar as opções e decidiram abrir um espaço próprio para concretizar o seu projecto. Mas, infelizmente, falta-lhes os recursos financeiros para alugar um espaço maior e com condições para materializar todas as suas ideias. “Queremos abrir uma academia e, ao mesmo tempo, cuidar de outras crianças, ou seja, ter uma ala para uma creche e outra para animação e educação, explicação propriamente dita. Já tenho alguma experiência com os alunos que recebem explicação na minha casa, que espero aproveitar e rentabilizar“.
As duas jovens pretendem trabalhar com os alunos tanto a área da educação como o lado social, ou seja, apoiá-los nos estudos, mas também introduzir temas importantes para a sociedade e desenvolver actividades várias. Vontade de trabalhar não falta a Andreia e Cíntia mas, para tirar este sonho do papel, precisam de um patrocinador ou sócio para abraçar esta ideia. “Não precisamos de muito. Queremos apenas alugar um espaço maior e em um local estratégico. Estamos a pensar nas zonas de Bela Vista-Pedra Rolada, nosso local de residência, ou então em Monte Sossego. São dois bairros populosos e onde ainda não existe nenhum projecto similar. Por isso, é viável”, defende Andreia.
Instada a clarificar as mais-valias, tendo em conta em S. Vicente há outros centros de estudos, Cíntia afirma que o diferencial será, para além da explicação das matérias escolares, proporcionar as crianças um espaço onde possam desenvolver as suas actividades de animação e aproximá-las do meio rural. “Queremos levar as crianças para as zonas rurais e mostrar-lhes os aspectos ambientais e a sua importância. É uma forma de ampliar os seus conhecimentos e aproximá-los da vida real.”
Quanto a forma de “angariar” novos alunos, Cíntia mostra-se tranquila porque, afirma, tem vindo a trabalhar na base do passa-palavra e também com apoio de amigos, que fazem questão de partilhar as suas ideias e convidar outras pessoas para conhecerem o trabalho que ela vem desenvolvimento. Os próprios alunos também trazem outros colegas, por isso a grande procura que tem tido”, finaliza.