O IEFP arranca no mês de setembro um lote de 16 cursos profissionalizantes gratuitos em S. Vicente, orçado em 45 mil contos e que vai permitir colocar no mercado 320 jovens com idades compreendidas entre os 15 e 35 anos. As propostas formativas foram preparadas com base nas necessidades de mão-de-obra em diversos sectores e, segundo o responsável do Instituto do Emprego e Formação Profissional na cidade do Mindelo, têm financiamento garantido pelo Fundo do Emprego.
“Apresentamos um conjunto de 19 formações a financiamento ao Fundo da Promoção do Emprego e Formação Profissional, que aprovou 16 no total”, informa César Fortes. Todas as formações, acrescenta, começam em setembro deste ano e terminam em 2026. Especifica que o curso com menos tempo vai durar oito meses e o mais extenso terá a duração de 14 meses.
Por norma, cada turma terá 20 alunos, que terão de preencher os requisitos pré-definidos, como o grau de escolaridade e a idade. César Fortes adianta, no entanto, que, havendo vagas, um potencial formando com idade superior pode solicitar o ingresso através de um pedido formal, que será analisado e decidido.
César Fortes garante que os cursos foram preparados para dar resposta às necessidades actuais do mercado de trabalho, conforme contactos efectuados com as empresas. Em termos concretos, a lista inclui as seguintes formações:
Serviço de Estética (10 meses de duração, 1.560 horas lecionadas e 8. ano de escolaridade); Manutenção de Redes de Água e Saneamento (12 meses, 1.000 horas, 8. ano e nível 3); Serviços de Auxiliares de Cabeleireiro (10 meses, 1.380 horas, 6. ano de escolaridade, nível 2); Monitora de Infância (12 meses, 1.040 horas, 10. ano de escolaridade, nível 4); Operações Básicas de Bate-chapa e Pintura (12 meses, 1.020 horas, 6 ano, nível 2); Operações Básicas de Padaria e Pastelaria (10 meses, 710 horas, 8. ano, nível 3); Serviço de Alimentos e Bebidas (12 meses, 1.140 horas, 8. ano); Condutores de Autocarros e Transportes Públicos (categorias D e D1, sem nível, destinado a quem tenha carta de condução); Padaria e Pastelaria (11 meses, 1.210 horas, 8 ano, nível 3); Serviços Auxiliares de Estética (6 meses, 1.020 horas, 6 ano, nível 2); Instalações Eléctricas e de Infraestruturas de Telecomunicações em Edifícios (12 meses, 1.090 horas, 8 ano, nível 3); Técnico de Electromecânica e Manutenção Industrial (14 meses, nível 4, escolaridade mínima 10 ano); Serviço de Andar e Lavandaria (8 meses, 720 horas, 6 ano, nível 2); Operações Básicas de Cozinha (9 meses, 880 horas, 8 ano, nível 3); Montagem e Manutenção de Instalações Eléctricas Industriais de Baixa Tensão (13 meses, 1.420 horas, 10 ano, nível 4); Gestão Contabilística (13 meses, 1.200 horas e 12. ano).
Estas opções formativas, segundo César Fortes, visam propiciar aos formandos maior capacitação para poderem estar preparados para o emprego e está seguro que nalguns casos os contratos poderão ser quase que imediatos. Exemplifica com as formações ligadas ao sector da hotelaria, como operações básicas de cozinha, padaria e pastelaria, instalações eléctricas, serviço de alimentos e bebidas… Argumenta que o IEFP tem estado a ser contactado por hotéis, restaurantes e bares perguntando sistematicamente por pessoal qualificado disponível para trabalhar.
Outras formações com enorme possibilidade de saída imediata são as de condutores de autocarros e de transporte público – a ser ministrada em parceria com uma escola de condução. O director regional do IEFP relembra que vários condutores profissionais acabaram por emigrar para Portugal, desfalcando as empresas do sector em S. Vicente.
O curso para técnicos de Electromecânica e Manutenção Industrial será realizado em parceria com os estaleiros navais da Cabnave, que começa a sentir falta de técnicos qualificados, com a ida para a reforma de vários funcionários. Na perspectiva de César Fortes, é muito provável que a empresa venha a contratar os técnicos mais qualificados, após o período de estágio.
Bate-chapa é outra boa opção interessante, segundo essa fonte. Isto porque, argumenta, o IEFP tem notado a escassez de oficinas especializadas nessa área em S. Vicente. “Vários condutores reclamam que as suas viaturas demoram muito tempo nas oficinas e que há poucas opções”, reforça.

A estética, enfatiza Fortes, surge igualmente como uma ótima aposta para os jovens. Salienta que há um mercado em crescimento, com pessoal prestando serviço a partir das suas residências, mas que precisa aprimorar as suas técnicas. “Uma vez formadas, ficam melhor capacitadas e munidas de um certificado.”
Deste leque, as formações mais caras são as de Auxiliar de Cabeleireiro, Padaria e Pastelaria, Serviços de Estética, Técnico de Electromecânica e Operações Básicas de Cozinha devido ao custo da matéria-prima. Todos os cursos são gratuitos e garantem a atribuição de um certificado pelo IEFP. Segundo César Fortes, antes as pessoas do Cadastro 1 e 2 não pagavam propinas, apenas as do Cadastro 3 e 4. Entretanto, explica, houve um aumento da comparticipação financeira do Fundo de Promoção do Emprego e da
Formação – FPEF -, que chega para cobrir os valores pagos pelos formandos do Cadastro 3 e 4. Esta medida, diz, visa aumentar a quantidade de jovens qualificados, diminuir a taxa de desemprego e garantir o desenvolvimento sustentado do país.
As formações serão ministradas por formadores credenciados e estabelecidos na cidade do Mindelo. Neste domínio, diz a citada fonte, a ilha de S. Vicente está bem fornecida de pessoal competente, capaz de assegurar a realização de cursos com bom nível de qualidade. “Estes formadores não pertencem ao IEFP. São pessoas identificadas no mercado, que têm formação pedagógica”, assegura.
Além dos 16 cursos anunciados, o IEFP tem outros em andamento e que decorrem em parceria com instituições e empresas. O instituto, sublinha Fortes, funciona ainda durante o ano inteiro com um programa de estágio profissional (PEPE). Nestes casos, o IEFP disponibiliza um subsídio para os estagiários, que oscila entre os 15 e 20 contos, para ajudar as empresas a cobrirem os custos da contratação dos candidatos durante seis meses.
“Temos desempenhado um papel fundamental na promoção do emprego e da empregabilidade em S. Vicente. Por exemplo, o pessoal formado em áreas como pastelaria, padaria, lavandaria, etc., tem sido absorvido na totalidade pelo sector hoteleiro e de restauração”, exemplifica, acentuando que mais de 80% dos formandos acabam por conseguir emprego e muitos decidem mesmo abrir o seu próprio serviço.
Fortes salienta ainda que os vários jovens que têm saído para a emigração chegam ao país de destino com um saber-fazer. Ilustra, aliás, que há um acordo com o instituto homólogo de Portugal de reconhecimento dos certificados atribuídos em Cabo Verde, no quadro de um programa de mobilidade internacional.
Outro aspecto enaltecido pelo responsável do IEFP no Mindelo é o chamado sistema RVCC, que reconhece as competências de profissionais com vários anos de experiência. Por exemplo mecânicos, padeiros, jardineiros que passam quase uma vida trabalhando e que podem ver o seu conhecimento formalmente reconhecido com a atribuição de um certificado. Para isso, o interessado deve solicitar uma avaliação e, em caso de necessidade, pode ter uma formação complementar para melhorar os seus conhecimentos técnicos.
Com o leque de 16 cursos, o IEFP espera disponibilizar ao mercado um grupo de 320 jovens técnicos, que poderão trabalhar com as empresas ou optar por criar o seu próprio serviço.