Saborear um queijo fresco, uma fatia de cuscuz, um licor de café e almoçar ervilha verde com cabrito, estes foram alguns dos atrativos que levaram dezenas de pessoas a procurar Chã de Feijoal, palco da primeira edição da Feira do Queijo, Doces e Licores. Apesar da distância e isolamento desta localidade do Planalto Norte, parte significativa dos visitantes preferiu fazer o trajeto a pé, em grupos de caminhada. E cada vez que esses aventureiros chegavam eram recebidos por salva de palmas.
Foi neste ambiente descontraído que decorreu a exposição-venda de produtos confecionados por criadores e agricultores do Planalto Norte, iniciativa que surgiu no quadro do projecto Sol do Planalto Norte – Energia para Todos e resultou da organização conjunta da ADPM, a Câmara do Porto Novo, a delegação do Ministério da Agricultura e Ambiente e EcoRaízes.

A actividade, realça Madoino Lima, presidente da Associação Árvore Comunitária, visou ajudar a promover a produção local e dinamizar a pacata vila. “Este ano agrícola não foi perfeito, mas valorizamos o pouco que temos. Esta é a época em que as cabras estão prestes a parir, por isso não havia abundância de leite. Espero que venha a acontecer a segunda edição desta feira e que tenhamos mais produtos para expor”, fez votos.
Silésia Rodrigues deu voz à satisfação das empreendedoras da iniciativa Mulheres Transformadoras do Alto das Montanhas e das feirantes, que se sentiram prestigiadas. “Sei que é cansativo vir para Planalto Norte, mas sei também que se torna numa experiência motivadora. Por isso quero agradecer a presença de todos os visitantes e a ADPM pelo incentivo que nos deu para apresentarmos os nossos produtos neste espaço”, salientou a interveniente, que aproveitou o microfone para pedir às colegas feirantes que cumpram a palavra dada a ADPM de ajudar esta associação nos esforços de preservação do meio ambiente.
Ana Sanches, representante da ADPM e coordenadora de projectos em curso em Santo Antão, reconhece que foi difícil montar a feira nessa zona recôndita do Porto Novo. Mas, ao ver o resultado dessa iniciativa pioneira, admite ter ficado satisfeita com o resultado, mas também com o nível de desenvolvimento da localidade. Relembra que há mais de 10 anos foi convidada para conhecer Porto Novo e que fez uma extensa caminhada à procura de uma nascente de água porque a comunidade local estava a precisar desse líquido e de energia em casa. “Foi um sonho que abraçamos desde o início, desafiados pelos parceiros locais. Aos poucos fomos encontrando formas de financiamento para a central do Planalto Norte e kits de energia para Pascoal Alves e Bolona”, revela. Perante tamanho desafio, houve momentos em que, diz Ana Sanches, se sentiram desanimados e outros em que acreditaram no sucesso do empreendimento. Até que a água finalmente chegou ao destino.

“Voltar aqui mais de 10 anos e ver a diferença nesta comunidade dá-nos satisfação enorme e vontade de continuar a trabalhar convosco”, arrematou numa mensagem dirigida aos moradores da localidade e aos representantes das instituições. Sanches salientou que a ADPM é uma ONG internacional e, como tal, desenvolve projectos em parceria com os poderes locais, o Governo e associações comunitárias, como tem acontecido com sucesso na ilha de Santo Antão.
Esta engenheira do ambiente aproveitou o momento para revelar que foi criado um novo projecto há dois anos no Planalto Norte para o fornecimento de energia às habitações, como chegaram antes a fazer. Assegurou que o levantamento dos beneficiários foi feito e estão agora a preparar a contratação da empresa que vai executar a electrificação das moradias.
A feira realizada em Feijoal é uma das actividades ligadas à intervenção da ADPM no Porto Novo, mais precisamente no Planalto Norte. O evento deveria acontecer no Porto Novo, mas foi indicado o Planalto Norte para promover os produtos dos criadores e agricultores, atrair visitantes da cidade e dinamizar a economia local.







