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Economia

Erick Fortes envolve família inteira na venda de legumes, hortaliças e verduras

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A falta de emprego empurrou Erick Fortes, 26 anos, para a venda de hortaliças, verduras e legumes pelas ruas do Mindelo. Começou timidamente, na base da confiança e ajuda de amigos. Um amigo e um primo, residentes no Calhau, forneceram os primeiros produtos. Com a venda, pagou a divida e adquiriu mais produtos, agora a pronto pagamento. A procura aumentou e as encomendas também e hoje quase toda a família está envolvida neste negócio, que usa e abusa do facebook e faz as entregas à domicílio. 

Ao Mindelinsite, Erick Fortes conta que reside na zona da Bela Vista em S. Vicente e trabalhava em agricultura no Calhau. Mas, por causa da seca dos últimos anos, o trabalho vinha escasseando e, com a quarentena decretada em março de 2020, acabou por ficar desempregado porque o transporte era complicado e o trabalho reduzido. “Na minha casa quase toda a família ficou desempregada. Comecei então a equacionar vender nas ruas, mas faltava coragem. Telefonei a um amigo no Calhau que planta hortaliças e perguntei-lhe se tinha produtos para venda. Este e um primo decidiram ceder-me alguns frescos para pagar depois da venda. Por conta da qualidade dos produtos, consegui vender tudo e fui liquidar a minha divida. Aproveitei para adquirir mais produtos, agora a pronto pagamento”, conta este jovem.  

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Este aparente sucesso, diz Erick Fortes, atiçou a mãe que em outros tempos vendia hortaliças na Praça Estrela. “Minha mãe ficou animada e começou a ajudar-me nas vendas, o que foi bom porque nesta altura quase ninguém na minha casa estava a trabalhar. Apenas o meu padrasto tinha um carro na Praça Estrela. Por isso, fiquei satisfeito com o apoio da minha família. Hoje dedico exclusivamente à venda”, refere  este nosso entrevistado, que destaca como diferencial para o seu negócio os produtos frescos e de terra. 

Produtos frescos

Erick Fortes faz questão de frisar que trabalhar com produtos do Vale do Calhau e, mais recentemente, começou a abordar alguns fornecedores de Santo Antão. “Estou a tentar penetrar no mercado de Santo Antão. Neste momento já tenho um fornecedor que entrega os produtos na minha casa, mas a minha ideia é começar a ir buscar na fonte. Graças aos meus contactos, consigo ter uma grande variedade de hortaliças, verduras e legumes, e frescos. Vendo estes produtos em um carrinho de mão nas ruas, mas também faço entregas à domicilio”, explica este jovem, que se mostra disposto a percorrer todas os bairros e localidades da ilha para fazer entregas. 

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Muitas das encomendas, admite, chegam através do facebook. As postagens são feitas pela irmã, que diariamente actualiza a lista de produtos disponíveis. As entregas ficam sob responsabilidade do Erick e podem ser feitas no carrinho, em bolsas ou até de táxi, consoante o volume da encomenda. “Neste momento já tenho uma boa clientela, mas a quantidade de venda diária varia, consoante os produtos disponíveis e os preços. Mas quero continuar a expandir. É por isso que pretende começar a adquirir os produtos directamente na fonte, ou seja, em Santo Antão ou no Calhau.” 

Depois das chuvas do ano passado o preço de produtos agrícolas baixou. Por exemplo, por estes dias, o tomate, a cenoura e o repolho custam 100 escudos o quilo, a mandioca 150 e o inhame 180 escudos. Mas da sua lista de venda constam ainda batata doce e inglesa, feijão verde, queijo e banana de Santo Antão, mas também alface, couve, coentro, cebola verde, malagueta, beterraba, espinafre, nabo, beringela e rúcula do Calhau. 

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Página Hortoverde

Pretendo agora criar uma pagina no facebook denominada Hortoverde, para anunciar os produtos disponíveis no dia e os respectivos preços. Fica mais fácil para as pessoas fazer as encomendas já sabendo os preços e quanto podem gastar. Este é um trabalho de minha irmã. Como disse, toda a minha família se envolveu, inclusive irmã que está a fazer uma formação em Marketing e Gestão e que pretende disponibilizar os seus conhecimentos para alavancar ainda mais este negocio de família”, celebra.  

No futuro, Erick espera transformar a sua venda informal numa micro-empresa legalizada e com seguro extensivo à toda a família. E, porque sonhar não é proibido, este jovem acredita que a venda de produtos frescos vai garantir a estabilidade económica e financeira da família.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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