Cruzou o canal marítimo entre Santo Antão e S. Vicente com um único propósito: apresentar os produtos naturais caseiros fabricados em Chã d’Pedra na Feira de Oportunidade aberta hoje no centro da cidade do Mindelo. Apesar desta ser a 5. edição do evento, trata-se da primeira vez que Verónica Neves participa na exposição.
Esta produtora assume que tem uma grande responsabilidade em mãos, que é mostrar ao mercado mindelense em pessoa a qualidade dos produtos naturais que aprendeu a fazer com a sua mãe, conhecida por Bia Neves. “Eu sou a sua herdeira natural porque aprendi tudo com ela”, revela Verónica Neves. Acrescenta que a sua mãe acabou por se aventurar no mundo das ervas porque era alérgica e os remédios receitados pelos médicos não faziam os efeitos esperados. Conseguiu a cura graças as tantas ervas que colhia e transformava em Chã d’Pedra.
Para a mostra, trouxe exemplares dos diferentes produtos comercializados pela marca Bia Neves de Chã d’Pedra: óleos, pomadas, cremes e ervas para chá feitos à base de plantas colhidas na ilha de Santo Antão. Além disso, na sua stand é possível encontrar argila, doces especiais e grogue, tudo bem embalado. Os produtos, segundo Verónica, são produzidos em casa e Bia Neves tornou-se numa marca conhecida a nível internacional.
Mesmo ao lado, a empresária Isabel Varela aposta em produtos esotéricos, na stand Zen Space Criola, com oferta de itens relacionados ao bem-estar como incensos, cristais, óleos… Esta é a sua terceira participação na feira de oportunidades e, com base na sua experiência, afirma que vale a pena o investimento. “Em primeiro lugar permite-nos aumentar a divulgação da nossa empresa e produtos, além de podermos vender durante os dias das feiras. Podemos ainda estabelecer pontes de negócio com outros feirantes”, ilustra Isabel Varela, que recomenda a feira.
Defronte a esta banca, a empresária Magda Fernandes tem a sua stand de licores, doces e salgados. Confessou ao Mindelinsite que decidiu experimentar participar após receber um convite para o efeito. “Por isso estou com a minha expectativa porque o meu objectivo é aumentar a colocação dos meus produtos no mercado cabo-verdiano”, diz esta empreendedora natural da ilha do Fogo, mas que reside em S. Vicente há mais de 30 anos. Assume que as suas mercadorias são já bastante conhecidas na cidade do Mindelo.
A quinta edição da Feira de Oportunidades foi aberta hoje de manhã na praça Don Luiz, em S. Vicente. O evento é organizado pela Feira Internacional de Cabo Verde e, segundo a administradora Angélica Fortes, apostaram este ano numa abordagem tendencialmente pedagógica dos expositores. A par disso, a FIC pretende possibilitar um contacto directo das pequenas e médias empresas com os consumidores mindelenses e de outras paragens. Ciente de que, como diz o ditado popular, “os pequenos de hoje serão os grandes de amanhã”. O evento, acrescenta Angélica Fortes, é uma porta aberta aos pequenos empreendedores, uma pista e um estímulo para que as micro venham a ser grandes empresas.
A exposição, que decorre sob o lema “Venha com coragem e persiga os seus sonhos” até domingo, foi aberta pelo ministro da Promoção de Investimentos e Fomento Empresarial, que apelou aos expositores para formalizarem as suas pequenas unidades. Eurico Monteiro lembrou que o Executivo tem um programa de formalização da economia que tem dado resultados.
“Basta dizer que, em 2024, nós contávamos com 24.056 empresas activas formalizadas e, de entre elas, nós tínhamos 15.600 micro e pequenas empresas que empregavam 29.148 trabalhadores. E, com segurados, neste sistema, contávamos com cerca de 29.148, num total de 124.601 segurados”, divulgou o governante, para quem não poderá haver emprego digno em Cabo Verde com empresas que não estejam formalizadas, que não tenham contratos de trabalho escritos e nem com empresas que não têm nenhuma relação com as autoridades tributárias.
Rodrigo Rendall Martins, vereador da Câmara de S. Vicente, disse esperar que a Feira de Oportunidades seja mais um marco na promoção empresarial, no fomento ao empreendedorismo, à inovação e à criatividade e também de partilha de experiências e conhecimentos. Salientou ainda que os empresários enfrentam hoje o desafio de fazerem a diferença para aumentar a competitividade nesta economia do conhecimento, inovação e mudanças repentinas.
