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Duas comerciantes responsabilizam CV Interilhas por extravio de malas no navio Dona Tututa

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Duas comerciantes de São Vicente, que viajaram para Santiago para fazer compras e reforçar o seu negócio, responsabilizam a concessionária dos transportes marítimos pelo extravio de duas malas durante a viagem de regresso, no navio Dona Tututa. Afirmam que embarcaram as suas bagagens no Porto da Praia e que estas foram colocadas na viatura da empresa por um funcionário, mas, quando as foram levantar no Porto Grande, tinham desaparecido. Deste então começaram um calvário junto da CVI para tentar obter informações, sem sucesso, pelo que tiveram de apresentar uma queixa junto da Polícia Marítima.

Ao Mindelinsite, Cindy Duarte conta que esta era a sua primeira viagem para fazer compras para tentar lançar-se como comerciante retalhista. Partiu acompanhada da sua tia, mais experiente nestas andanças. “Fizemos as nossas compras e, no regresso para São Vicente, fomos as primeiras a chegar ao Porto da Praia na terça-feira da semana passada. Primeiro devido a ansiedade e também porque carregava no colo o meu bebé. A indicação era que tínhamos de estar as 7horas da manhã no cais”. 

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De acordo com a jovem, foram direccionadas para colocar as bagagens em uma das viaturas disponibilizadas pela CV Interilhas para transporte. “Entregamos uma mala grande, uma bolsa grande e duas malas mais pequenas ao empregado. Foi uma viagem com muitas escalas porque passamos pelas ilhas de Boa Vista, Sal e São Nicolau. E chegamos a São Vicente na quarta-feira, por volta das 16 horas. Ou seja, fizemos um dia e meio de viagem. Desembarcamos e fomos recolher as nossas bagagens e ficamos à espera porque sabíamos que as nossas estavam no fundo.”

Para espanto de Cindy Duarte, todas as suas bagagens estavam no carro, que veio coberto com uma lona, excepto as duas malas mais pequenas. De imediato, informaram o funcionário que estava a fazer a entrega e foram encaminhadas para a agência para fazer uma reclamação. “Infelizmente, sequer sabiam como proceder. Ficaram nos transferindo de funcionário para funcionário, sem que ninguém pudesse resolver nada. Sequer tentaram telefonar para Santiago para pedir alguma informação, sendo que acredito que as nossas bagagens tenham sido retiradas do carro após o nosso embarque.”

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Desesperada, esta conta que accionaram a Polícia Marítima no Porto Grande e apresentaram uma queixa por extravio de bagagem. Por conta dos demarches necessários, só conseguiram sair do porto de cabotagem por volta das 19 horas. E, desde então, não obstante as muitas tentativas para obter informações, têm-se mostrado infrutíferas. “Da Polícia Marítima a única informação que temos é que abriram o processo de investigação, mas ainda não têm nada de concreto. Já da CVI, o silêncio é total. Não se mostraram interessadas e nem preocupadas em procurar as nossas bagagens”, desabafa Cindy, que se mostra ainda mais revoltada com a postura da empresa, que disse não poder fazer nada. 

Entendimento contrário tem esta jovem-mulher, que afirma que entregou a sua bagagem à responsabilidade da empresa e esta foi colocada em uma viatura desta, pelo que esperava e espera um maior comprometimento da CV Interilhas. “Não posso precisar o valor das duas malas, que continham compras feitas na Praia para o nosso negócio. É dinheiro investido, que sequer era meu porque peguei emprestado para devolver depois da venda. Na Polícia, limitei-me a dizer que a mala continha roupas, tecidos, aviamentos, de entre outros, comprados por atacado”, detalha Cíntia Duarte.

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Esta se mostra ainda mais revoltada porque, afirma, se foram as primeiras a embarcar, as suas bagagens na viatura da empresa não tinham como serem extraviadas durante a viagem com destino a São Vicente. “As nossas bagagens foram retiradas do carro antes da partida do D. Tututa do Porto da Praia. A viagem teve muitas escalas, mas a viatura de São Vicente esteve sempre fechada. Tive o cuidado de verificar. É por isso que digo que a responsabilidade é da CV Interilhas, que optou por nos fazer de ‘bola de ping-pong’. Foi por isso que chamamos a polícia para não ficarmos sem nada”, pontua.

Entretanto, a cada dia que passa, esta jovem explica que a esperança de recuperar as duas malas vai se dissipando. A sua única esperança agora é a empresa assumir as suas responsabilidades e ressarcir-lhe e à tia pela perda.  “Se não conseguirem recuperar as duas malas, a CV Interilhas vai ter de responsabilizar-se, até porque o investimento feito provém de um empréstimo, que tem de ser pago”.

O Mindelinsite tentou ouvir a concessionária CV Interilhas. Para isso, no dia 17 de março enviou um email com algumas questões, mas até hoje, 20, não obtivemos qualquer retorno, pelo que decidimos avançar com a notícia. Caso a empresa decidir reagir, este jornal fará a pulicação do seu posicionamento sobre o caso.

Cindy Duarte conta que tem três filhos, sendo um ainda bebé, e que esta era a sua primeira viagem desde que começou a trabalhar com a tia.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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