O presidente do INE revelou hoje dados estatísticos sobre a Conta Satélite do Mar, referentes ao período que vai de 2015 a 2017, que mostram um “peso surpreendente” do sector marítimo na economia global em C. Verde. João Cardoso – um dos oradores do painel da CVOW intitulado “Economia azul, inovação e gestão dos recursos marinhos e costeiros” – ilustrou que, dos 283 mil milhões de escudos do PIB em 2015, a economia marítima foi responsável por 60.000 milhões dessa riqueza, o equivalente a 21,2 por cento.
“Isto significa que a produção ligada ao mar correspondia a esse percentual da produção total do país em 2015. Isto é muita coisa. Não estava à espera de tamanho peso”, confessou Cardoso, acentuando que essa tendência continuou desde então até ao presente ano, exceptuando 2020 devido aos impactos da Covid-19 na economia do arquipélago. O PIB do mar em relação ao PIB nacional, prosseguiu o orador, atingiu os 17,1% em 2015, subiu para 17,4% em 2016 e alcançou o patamar de 19,5 por cento em 2017.
Em consequência, a actividade económica marítima teve também o seu impacto no item remuneração durante o triénio referente ao levantamento estatístico. Os gráficos indicam que em 2015 representou 13,9% dos salários pagos em C. Verde, no ano seguinte alcançou os 14,8% e subiu ainda para 15,3 por cento em 2017. Quanto ao número de empregos, o sector representou 14,8% tanto em 2015 quanto em 2016 e chegou aos 15,3% em 2017.
Os estudos elaborados, que, segundo João Cardoso foram um exercício bastante exigente, fizeram transparecer ainda outros quadros de interesse. No tocante ao impacto das actividades ligadas ao mar, que foram subdivididas em 9 agrupamentos, ficou claro que o que comporta o receio, desporto náutico, cultura e turismo obteve o maior peso na economia do mar em C. Verde. A seguir surge o grupo integrado pela pesca, aquacultura, transformação e comercialização dos produtos do mar. Em terceiro lugar ficam os portos e logística… Refere ainda o presidente do INE que o primeiro grupo liderou também nos itens valor acrescentado, salário e emprego no período de estudo.
João Cardoso explica que a escolha do referido triénio deveu-se pelo facto de 2015 ter sido o ano base nas contas nacionais e devido as dificuldades na obtenção de dados. Salienta que, à medida que o INE for ganhando experiência, vai prosseguindo na execução da Conta Satélite do Mar.
A intervenção do Presidente do INE sobre os principais resultados da Conta Satélite do Mar esteve enquadrada esta manhã no painel “Economia Azul, Inovação e Gestão Sustentável dos Recursos Marinhos e Costeiros”. Foram apresentados os temas “Impacto das actividades humanas nos oceanos e estratégias de mitigação”, “Literacia dos oceanos”, Bioeconomia e Biotecnologia Azul” e “Estratégia da União Africana para a Economia Azul: Conservação da biodiversidade aquática”.
Para o período da tarde está agendada a discussão do painel “Governança e fiscalização do sector marinho”.