O Bispo do Mindelo abençoou hoje a embarcação “Flor d’ oliveira”, construído com expertise nacional e que foi lançado do mar no passado dia 29 de março. Logo após o “baptismo”, o barco, que recebeu ontem a sua licença para operar, realizou a sua viagem inaugural do Cais de Pesca de Cova de Inglesa para a comunidade de São Pedro, onde a festa deverá prolongar-se até a noite.
Em declarações à imprensa, Celestino Oliveira, que liderou este projecto familiar, garantiu que a principal característica da embarcação é a sua estabilidade. “Este barco tem uma estabilidade extraordinária. Tem 21,37 metros de cumprimentos, 5,40 de largura e 13,70 de altura. Tem uma residência muito grande porque é feito de madeira, revestido de fibra”, afirmou este empreendedor, que disse no entanto não conseguir precisar a sua velocidade porque ainda não realizou nenhum viagem.
Relativamente a capacidade de carga, afirma que anda a volta das 50 toneladas. Orgulhoso, este informa ainda que, a primeira experiência do barco no mar foi surpreendente porque um técnico descobriu que o navio, mesmo sem puxar muito, foi capaz de fazer onze milhas. “Não era a velocidade total da potencia do motor. Mas, Flor d’Oliveira conseguiu fazer 11 milhas/hora”, pontua.
Quanto a capacidade de tripulação, afirma, são 23 trabalhadores, sendo que nesta sua viagem inaugural terá apenas 20. “Vamos fazer agora a primeira aparição na nossa comunidade e, a partir de segunda-feira, preparar para sair para o mar largo para pescar”, promete este proprietário, que decidiu pintar o barco com as cores da bandeira nacional por ser “genuinamente cabo-verdiano”. “Esta embarcada é uma prova tanto em S. Vicente como em todo o Cabo Verde de que temos gente capaz de construir qualquer tipo de embarcação aqui no país, de raiz e com qualidade. Hoje não precisamos ir lá fora para comprar um barco. Temos técnicos muito experientes aqui no arquipélago”, assegurou.
Outro facto relevante, segundo Oliveira, é o custo. “Se esta embarcação tivesse sido construído lá fora não custaria menos de 100 mil contos, pelas informações que tenho. Mas, aqui no país, custou-nos apenas 45 mil contos”, enfatiza este proprietário, que diz ter iniciado o projecto com cerca de 25 mil contos e teve de desdobrar para conseguir o valor total, com ajuda de muita boa gente. “Temos várias parcerias, designadamente do Governo porque se trata de um financiamento bancário, da Frescomar e de pessoas amigas que nos estenderam as mãos em momentos difíceis. Aliás, houve momentos que pensamos desistir”, relata o líder deste projecto familiar que vem sendo desenvolvido desde março de 2018. Este aproveitou a ocasião para estimular outros investidores a tentar concretizar seus sonhos.
Para Oliveira, este barco vai beneficiar em primeiro lugar São Pedro porque todos os tripulantes da embarcação vieram de São Pedro, com excepção de um que mora na cidade mais foi adoptado por aquela comunidade piscatória. Vai ainda ajudar esta comunidade através da captura. “Doravante, os moradores de S.Pedro têm peixe garantido. Vamos ajudar também na parte social, apoiando os mais carenciados, os velhos e as crianças quando o barco começar a lucrar”, prometeu.