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BCV diz que Índice de Estabilidade Financeira apresenta desempenho positivo 

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O sistema financeiro cabo-verdiano continuou resiliente em 2022 e o Índice de Estabilidade Financeira apresentou um desempenho positivo, influenciado pela evolução do índice de robustez bancária, de acordo com análises realizadas pelo Banco de Cabo Verde (BCV). Este foi, entretanto, afectado negativamente pelos índices de vulnerabilidade financeira e de clima económico externo. 

Em comunicado, o BCV destaca como principais riscos e vulnerabilidades a forte dependência externa do país, enquanto pequena economia aberta, sujeita a choques externos adversos; o elevado nível de crédito em incumprimento por parte das instituições bancárias persiste, embora a proporção em relação ao total de crédito tenha vindo a diminuir desde o ano de 2017; a deterioração da situação financeira do setor não financeiro. Ainda: o elevado nível de concentração bancária nos mercados de crédito e de depósitos; o elevado nível de endividamento público; a crescente digitalização dos serviços bancários e da oferta de novos produtos financeiros; e a emergência das alterações climáticas.

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Apesar disso, entende que o sector bancário foi favorecido pela forte dinâmica da atividade económica, não obstante a inflação elevada e taxas de juro baixas, devido à manutenção da acomodação monetária ao longo do ano. “Os níveis de capitalização dos bancos foram adequados para enfrentar as incertezas relacionadas à conjuntura interna e externa, reforçando assim a solidez do setor bancário”, lê-se no relatório, que realça que a qualidade creditícia dos empréstimos manteve uma tendência decrescente desde 2017 e os resultados líquidos dos bancos foram positivos, refletindo o aumento da margem.

Sobre este particular, explica que os níveis de liquidez do setor bancário permaneceram elevados, com um forte contributo dos depósitos de clientes para o financiamento dos bancos e que a adequação da liquidez garantiu a absorção de potenciais perdas e o cumprimento dos requisitos regulamentares, mantendo a estabilidade financeira. No entanto, apesar dos resultados positivos, o exercício de stress test revelou que o sistema bancário mantém uma vulnerabilidade elevada ao crédito setorial, principalmente devido à concentração da carteira em grandes devedores e à exposição ocasional ao risco de liquidez em cenários hipotéticos de stress financeiro e corridas bancárias aos depósitos.

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Diante dos desafios, o BC ressalta a importância do reforço contínuo do capital dos bancos e dos instrumentos de liquidez das instituições para enfrentar situações de eventual materialização dos riscos de crédito e choques de liquidez. “O Banco Central está empenhado em uma forte supervisão e regulação para assegurar a preservação da estabilidade financeira. No setor segurador, embora o risco de interligações com o setor bancário permaneça elevado, os riscos para a estabilidade financeira derivados da atividade do setor permanecem baixos devido à baixa representatividade no sistema financeiro nacional e aos mecanismos de transferência de riscos para resseguradoras internacionais”.

Quanto ao mercado de capitais, explica, a valorização das ações das empresas financeiras cotadas em bolsa e a redução das emissões de títulos públicos foram observadas num cenário de recuperação das receitas fiscais e contenção do recurso a financiamento interno pelo Estado. “Em resposta ao crescente aumento do risco cibernético, que representa uma forte ameaça à integridade do sistema financeiro e à sua estabilidade, o Banco de Cabo Verde destaca a importância da implementação contínua de medidas para reforçar a segurança e a integridade dos sistemas de informação”, sublinha. 

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O Banco de Cabo Verde termina reafirmando o compromisso de exercício de adequada supervisão e regulação das instituições financeiras, a fim de evitar a acumulação de riscos e preservar a estabilidade financeira. Promete ainda monitorar de forma continua as incertezas externas e os fatores de risco por forma a garantir a resiliência do sistema financeiro cabo-verdiano.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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