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Abastecimento do Sleipnir pode demorar 19 horas: Operação considerada uma prova das capacidades de Cabo Verde pelo director da Navex

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Já está em São Vicente o navio Coral Fraseri que vai fazer o abastecimento com gás natural do maior navio-grua submergível do mundo, o Sleipnir, fundeado na Baía do Porto Grande desde o dia 12. A operação deverá demorar 19 horas, tempo necessário para as equipas acertarem as agulhas e fazerem o transbordo de 1.300 toneladas de gás natural para a embarcação. A especificidade da operação leva o director da Navex Cabo Verde, Bruno Silva, a afirmar que, fazer este abastecimento em Cabo Verde, é uma demonstração da capacidade do país e do aproveitamento da sua localização estratégica.

O Sleipnir Heerema, explica Silva em entrevista ao entrevista ao Mindelinsite, trabalha essencialmente com as indústrias petrolíferas. Mas, adianta, começa a emergir um novo mercado, que são os parques eólicos em alto mar, sobretudo na Europa e Estados Unidos. “A ideia e o conceito de um navio-grua como este é sobretudo trabalhar em plataformas petrolíferas. Fazer mais movimentos em menos tempo. Isto é, ao invés de peças mais pequenas, este navio consegue construir tudo de uma vez, tendo em conta a sua capacidade em levantar 20 mil toneladas”, explica..

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Finalizada este operação, Sleipnir segue para o Brasil, mais precisamente para o campo petrolífero Peregrino, onde vai instalar uma plataforma. “Neste momento, as peças para montar a plataforma estão a ser enviadas de todas as partes do mundo para o Brasil. O Sleipnir vai fazer a montagem do Peregrino, que é a maior operação da empresa Equinor fora da Noruega.”

Relativamente ao navio-grua, Silva explica que foi construído há seis meses na Singapura e tem capacidade para acomodar 400 trabalhadores. De lá,  Sleipnir seguiu para Israel onde fez a sua primeira operação e bateu o recorde do mundo ao levantar, de uma sentada, mais de 15 mil toneladas. Parou depois no Gibraltar para fazer alguns acertos e está agora em S. Vicente numa escala técnica de abastecimento, antes de seguir viagem para o Brasil. “O abastecimento com gás natural será feito pelo navio Coral Fraseri, que acompanha a grua para todo o lugar, tendo em conta que o produto ainda é novo na indústria marinha. São poucos os navios que utilizam gás natural.”

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Foto: Navex

Para este responsável da Navex, a paragem técnica em S. Vicente justifica-se por duas razões, sendo a primeira a proximidade com o Brasil e a segunda as condições naturais da Baia do Porto Grande, que são ideais para este tipo de operações. “Cabo Verde está estrategicamente bem posicionado e a baía do Porto Grande é muito protegida, ideal para realizar estas operações, que exigem mais cuidados. O abastecimento deverá prolongar-se por 19 horas, sendo que as primeiras horas são basicamente para se preparar a operação”, explica essa fonte.

Demonstração de capacidade 

Para o director da agência Navex, fazer um abastecimento desta natureza em Cabo Verde é uma demonstração da capacidade do país em ser um ponto de suporte técnico para um número que se espera cada vez maior de operações desta natureza. Silva reconhece que as duas petrolíferas nacionais, a Vivo Energy e a Enacol, já abastecem navios que fazem escala técnica no Porto Grande e que este negócio tem forte impacto nas duas empresas. Garante que há boas condições para este segmento crescer ainda mais. 

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“A Baía do Porto Grande tem capacidade para atender muito mais operações destas. Este é um filão que a Navex está a apostar. Cabo Verde está posicionada para este tipo de negócio e creio que o próprio Governo tem uma estratégia para o Atlântico Médio, tendo em conta a localização do país. Mas ainda há um longo caminho a percorrer, sobretudo em termos de infraestruturas. Este caminho é amplamente compensado pelas condições naturais e humanas”, ressalva, acentuando que a operação envolveu várias instituições, caso da Enapor, IMP e a Navex.

Bruno Silva acredita ainda no surgimento de negócios paralelos, tendo em conta os efeitos económicos indirectos de operações similares. No caso concreto de S. Vicente, diz, a ilha pode ser um óptimo sítio para troca de tripulação das embarcações, com impacto a nível da indústria aeronáutica, hoteleira, restauração, de entre outros. Paralelamente, exemplifica, poderão surgir o abastecimento de peças para navios e aumentar a oferta de emprego. 

Constança de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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