O treinador mindelense José Baía, residente em Fonte Filipe, concretizou o seu sonho com o inicio ontem dos trabalhos no quadro do projecto Escola de Basquetebol Zé Baia La Família”, cujo publico-alvo são crianças dos 7 a 12 anos. As aulas vão ter lugar no Polivalente de Oeiras em Monte Sossego e Zé Baía desafia os pais e encarregados de educação a inscreverem seus educandos.
Em uma conversa informal com o Mindelinsite, Zé Baía explica que, desde que regressou da Bolívia, há 5 anos, estava focado em sair para fora do país por não acreditar no potencial de S. Vicente ou de Cabo Verde, mas também porque queria juntar-se ao filho, que está a residir nos EUA. Mas nunca esqueceu um antigo sonho de ter a sua escola de basquetebol. “Foi por isso que, logo que cheguei, encontrei um grupo de jovens do meu bairro, Fonte Filipe. Senti que estavam ‘excluídos’, sem acompanhamento adequado dos encarregados de educação. Então ofereci-lhes ao que me pareceu mais responsável uma bola de basket. Começaram a jogar todos os dias. Foi assim que o sonho da minha escola começou a ganhar corpo”, explica.
Esta ideia vingou, diz, e hoje já trabalha com atletas não só de S. Vicente, mas também de outras ilhas, e ainda de Angola e Nigéria. E começa a ganhar espaço no mundo fora. Mas Zé Baía queria mais. Foi então que surgiu o projecto de escola de mini basket La família, que tem como objectivo ajudar o basquetebol mindelense a crescer, mas também trazer os país e encarregados de educação para mais perto dos seus filhos. “Esta é uma questão que sempre tive atenção. Os nossos atletas normalmente não têm apoio familiar por conta do estilo de vida na nossa sociedade em que cada um é obrigado a ‘dá se speed’. Vejo isso como um problema grave”.
O mais caricato, de acordo com este treinador, que jogou na Académica e foi treinador-adjunto da Selecção Nacional Sub-16, é que estes jovens muitas vezes são vistos como uma ameaça para a sociedade, quando precisam apenas de uma orientação, apoio e acompanhamento. E é com exemplos que prova este aparente ‘desleixo’ para com os filhos. “A cerca de dois meses chamaram-me de Espanha porque estavam interessados num miúdo muito talentoso. Feliz, encontrei o pai do miúdo na rua e falei-lhe da proposta e este mostrou-se espantado porque sequer sabia que o seu filho jogava. Esta é a triste realidade com que debatemos e que quero mudar com este projecto”.
Enquanto isso, Zé Baía mostra-se agradecido pelos ensinamentos recebidos de Kula Monteiro e pelo grande apoio de Emanuel Trovoada que, afirma, sempre o envia videos, acompanha o seu trabalho e o motiva a continuar. Destaca igualmente o apoio que este dá ao filho longe, que é também a sua grande motivação para seguir com este projecto de escola de mini-basket. As aulas, refira-se, terão lugar no Oeiras, às terças e quintas-feira, das 10 às 11h e também das 15h30 às 16h30; e ainda no domingo das 9h às 10h30.