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Sub-17: Batuque recorre da punição aplicada pelo Conselho de Disciplina da FCF

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O Batuque Futebol Clube entrou com um recurso à punição aplicada pelo Conselho de Disciplina da Federação Cabo-verdiana de Futebol, que condenou sete jogadores da equipa sub-17 a penas entre seis a 12 meses de suspensão face às violentas agressões ocorridas aquando do jogo do campeonato nacional contra a Ultramarina de São Nicolau, realizado a 04 de abril de 2023. O clube axadrezado evoca os artigos 141 a 144 do Regulamento Disciplinar da FCF. 

De acordo com o advogado Adriel Delgado, o castigo aplicado aos jogadores do Batuque Futebol Clube foi no mínimo estranho porque o processo não respeitou os tramites normais. “Normalmente, um processo disciplinar tem pelo menos três fases, entre os quais o de inquérito. Neste, todos os envolvidos são ouvidos para se determinar se se trata de um processo sumário ou outro. Depois o instrutor deduz a acusação e é dado aos envolvidos o direito de se defenderem. Posteriormente faz-se o julgamento e é proferida uma decisão. Mas não foi o que aconteceu”, explica. 

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Para sustentar esta sua afirmação, este causídico cita os artigos 141 a 144 do Regulamento Disciplinar da FCF. “Infelizmente, neste caso foram ouvidos os intervenientes e aplicado o castigo. O mais estranho neste é que o então treinador do Batuque, considerado como um dos que incitou a violência, tendo agredido boa parte dos jogadores, não feito tido e nem achado no processo.”

O caso tem ainda outros contornos porque aos jogadores da equipa da Ultramarina de São Nicolau não foram aplicados quaisquer castigos. “Isto leva-nos a questionar se o propósito era tão somente prejudicar o Batuque. Foi por isso que decidimos recorrer da decisão. Fui eu, inclusive, quem preparou a peça processual. Entendo que o castigo aplicado é nulo porque nunca houve uma acusação e nem direito à defesa. Limitaram-se a ouvir os jogadores e punir.”  

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Foi no dia 06 de março que o Conselho de Disciplina da FCF divulgou o acórdão, resultante do processo disciplinar devido as agressões e incitação à violência ocorridas em 2023 no jogo do Nacional entre o Batuque e a Ultramarina. Este órgão da Federação condenou sete jogadores do Batuque com penas entre seis a 12 meses de suspensão e um elemento da equipa técnica, dando assim como provada as agressões provocadas pelos axadrezados.

Quatro jogadores foram condenados a um ano de suspensão, dois a 10 meses e outro a seis meses, este último beneficiando de uma redução do castigo por “ter confessado integralmente e sem reservas os factos de acusação”, lê-se no acordão, que revela ainda que o CD da FCF, condenou, igualmente, o técnico de equipamento do Batuque, Nuno Miguel Tiene, a um ano de suspensão e uma multa no valor de 20 mil escudos à equipa do Batuque Futebol Clube de sub-17.

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O caso, recorda-se, remonta a abril de 2023 em São Vicente. Apesar da vitória do Batuque por 4×0, o jogo terminou com cenas de agressões. É que a equipa axadrezada teria de vencer a sua adversária por 9×0 para ultrapassar a sua adversária directa, a EFIZ do Sal, que venceu a Ultramarina por 3×1, na partida anterior. As cenas de pancadaria ganharam outra dimensão com a veiculação de uma reportagem na televisão pública. Curiosamente, este acordão foi conhecida às vésperas do arranque no Nacional Sub-17, época 2023/24,  que acontece na segunda-feira em que o Batuque vai, novamente, representar São Vicente na competição, enquanto líder do grupo A. 

Para o advogado do Batuque, não existem coincidências, ou seja, a Federação Cabo-verdiana de Futebol “agiu sob pressão.” Já um outro causídico, Alcides Graça, considera justo punir os jogadores e elementos da equipa técnica do Batuque que, comprovadamente, agrediram os jogadores da Ultramarina de São Nicolau. No entanto, estranha que nada seja dito sobre a clara combinação de resultados entre a EFIZ e a Ultramarina para prejudicar o BFC. 

Afinal, diz, a origem de tudo o que se passou foi a combinação de resultados com prejuízo para a verdade desportiva. “Ou será que isso, convenientemente, não interessa??? Como é que o conselho de disciplina da FCF ataca a consequência e ignora a causa???”, interroga, acrescentando que este poderia ter sido pelo menos um atenuante para para suavizar as penas.

Ilustração: Imagens da pancadaria transmitidas pela RCV

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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